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Madeira

Proximidade no circuito do medicamento destacada pelo bastonário dos farmacêuticos

Hélder Mota Filipe está de visita à Região, onde visitou, esta segunda-feira, os serviços da farmácia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, de onde saiu agradado

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Foto ML

Foi após a visita aos serviços de farmácia do Hospital Dr. Nélio Mendonça que o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, que está de visita à Região, destacou o “nível superior” do acesso ao medicamento e da gestão dos recursos a ele associados que estão implementados no serviço público de saúde da Madeira. A proximidade existente no circuito do medicamento, na Região, é um dos aspectos que julga poderem ser replicados para o continente. 

Hélder Mota Filipe disse mesmo que este “é um hospital de referência” nesse âmbito, elogiando o trabalho desenvolvido por Martinha Garcia e a sua equipa.

Aos jornalistas, o bastonário, que se fez acompanhar pelo representante regional da Ordem, Tiago Magro, enfatizou o facto de a aquisição de medicamentos ser, em muitas unidades de saúde, a segunda rubrica que maior fatia do orçamento exige, pelo que a gestão racional e utilização adequada dos fármacos “pode contribuir para a sustentabilidade do sistema de saúde” e “pode fazer com que os doentes possam continuar a ter acesso a terapêuticas inovadoras”, todas elas “muito caras”. 

Falta de medicamentos é um problema que vai além da Madeira

Confrontado com as rupturas frequentes, Hélder Mota Filipe constatou que essas vão existir sempre, atendendo ao grande número de medicamentos existentes no mercado, alavancadas, nos últimos tempos, pela ruptura de fabrico ou pela falta de matérias-primas, mas também pela fraca atractividade do mercado. Pese embora essa 'normalidade', não deixou de mostrar preocupação com o aumento significativo dessas rupturas.

“Falar de falta de medicamentos como um problema é redutor”, afiança, pois entende que devem ser esclarecidas as situações que estão na origem desses casos, dando como exemplo a guerra na Ucrânia e a sua relação com a dificuldade no acesso a medicamentos produzidos na Índia ou na China.

Nas especificidades de Portugal, aquele responsável aponta o dedo à exportação paralela de medicamentos, que pode levar a que, em algumas situações, “se exporte mais do que aquilo que deve ser exportado para manter o mercado nacional abastecido”. Não esquece, também, o baixo preço dos medicamentos que, em algumas situações, não tem acompanhado o aumento dos custos de produção associados, levando à insustentabilidade comercial e à falta de atractividade do mercado nacional.

Hélder Mota Filipe, perante as faltas recorrentes, apela a que se encontrem tratamentos alternativos que podem ser utilizadas em casa caso. Nesse âmbito, reforça a importância de “uma reserva estratégica nacional de medicamentos”, além do que já existe a nível europeu para catástrofes e epidemias. “Se houver mecanismos que permitam que os farmacêuticos comunitários, numa situação em que falta o antibiótico prescrito, possam, de forma protocoloda, substituir por outro”, evitando nova deslocação ao médico, ou até mesmo alterar a dosagem, tudo aspectos que neste momento não são possíveis. Além de aumentar os stocks, é preciso, no seu entender, colocar no terreno mecanismos que permitam as substituições terapêuticas, sem colocar em causa a segurança dos doentes.

Aspectos passíveis de serem replicados no continente

Nas declarações aos jornalistas, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos apontou, várias vezes, o papel diferenciador dos serviços de saúde da Região, particularmente ligados à farmácia, quando comparados com os do continente. Hélder Mota Filipe ficou-se, por exemplo, na gestão da pandemia, para argumentar esse discurso, reforçando a ideia de que a Região tem sabido esbater a sua insularidade. 

“A ilha da Madeira tem demonstrado que está à frente do continente”, disse, referindo, mesmo, que daria um "bom estudo de caso” para "as decisões de políticas em saúde” no todo nacional.

Sobre os aspectos que poderiam ser replicados no continente, aquele responsável apontou a proximidade dos serviços de farmácia e o princípio de levar os medicamentos onde eles são precisos como algo que seria uma mais-valia nos serviços nacionais. 

No que toca à inovação Hélder Mota Filipe destacou a aposta que está a ser feita na Madeira na integração do desenvolvimento e das novas tecnologias na área da saúde, com reflexos para os níveis de cuidados prestados aos doentes.  Neste âmbito dá o exemplo da preparação dos serviços farmacêuticos para as terapias avançadas (as ‘CAR T-cell’) para doenças oncológicas, incluindo-se num dos poucos hospitais do país a disponibilizar essa valência aos seus doentes.