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Crónicas

Blockchain e política

1. Disco: “The Lamb Lies Down on Broadway”, dos Genesis, de 1974, é um marco na história do rock progressivo. De conceito ambicioso, as composições intrincadas e os desempenhos poderosos do álbum renderam-lhe um lugar entre as obras mais amadas e influentes do género. O álbum conta a história de Rael, um jovem porto-riquenho do Bronx que desce ao submundo de Nova York, onde se encontra com uma variedade de personagens estranhas e fantásticas, incluindo a ameaçadora Lamia e os enigmáticos Carpet Crawlers. Um dos discos mais importantes da história do rock.

2. Livro: “O Velho que Lia Romances de Amor”, de Luis Sepúlveda, narra a história de Antonio José Bolívar Proaño, um velho que vive na selva amazónica, um homem simples, mas sábio, que aprendeu a respeitar a natureza e a cultura dos índios “shuar”. Um apaixonado leitor de romances de amor, que encontra nos livros uma fuga à realidade dura da selva. O livro é uma mistura de aventura, romance e reflexão. Uma narrativa envolvente de ritmo constante. Personagens bem construídos, donos de histórias tocantes.

3. As tecnologias de informação e comunicação têm transformado a sociedade em todos os seus aspectos, incluindo a política. A “internet”, as redes sociais, o “Big Data” e a inteligência artificial (IA) estão a revolucionar a forma como os políticos se comunicam com os eleitores, o modo como as campanhas eleitorais são realizadas e a maneira como as políticas públicas são formuladas e implementadas.

As novas tecnologias oferecem uma série de oportunidades aos processos como se faz política: proporcionando uma maior participação, mais transparência e verificação, melhor eficiência na execução.

A “internet”, o “Big Data”, são poderosas ferramentas de participação. Não é preciso ir muito longe para que todos compreendam das possibilidades que permitem aos eleitores se informarem melhor sobre os candidatos e as suas propostas políticas, serem mais participantes em debates e campanhas “online” e até mesmo de votarem remotamente.

O acesso a dados públicos, por exemplo, permite que os cidadãos monitorizem as ações dos governos e exijam prestação de contas. O uso de ferramentas de transparência, como os portais de dados abertos, também pode ajudar a controlar a corrupção e o nepotismo. Estou a falar da criação de ferramentas por todos utilizáveis e não da criação de burocracia e de mais lugares na administração. Portais que se valham a si, onde toda a informação esteja acessível por todos os que a ela queiram aceder.

Impõe-se o uso de sistemas digitais para agilizar a prestação de serviços públicos, reduzir custos e melhorar a qualidade da prestação. O uso de Inteligência Artificial (IA) também deve ser usado para automatizar tarefas administrativas e melhorar a tomada de decisões.

Ao mesmo tempo, tudo isto deve ser tratado com imenso cuidado, pois as NT (Novas Tecnologias) também podem ser usadas para disseminar desinformação e propaganda, o que leva à polarização política e à deslegitimação da democracia. O uso de robôs e “bots”, por exemplo, pode ser utilizado para manipular a opinião pública e influenciar decisões e mesmo resultados eleitorais.

Outra das fraquezas tem a ver com os sistemas digitais governamentais serem vulneráveis a ataques cibernéticos, que podem comprometer a segurança dos sistemas e a privacidade dos dados cidadãos, como pudemos constatar com o ataque cibernético ao SESARAM. O uso de tecnologias seguras e atualizadas é essencial para proteger os sistemas governamentais.

Outro factor a ter em atenção tem a ver com a exclusão digital, que pode limitar o acesso dos cidadãos às novas tecnologias e, consequentemente, à participação. É importante garantir que todos, independentemente dos seus rendimentos ou nível de escolaridade, tenham acesso à “internet” e a dispositivos digitais. A educação digital é essencial para garantir aos cidadãos as habilidades necessárias para usar as tecnologias de forma eficaz. Os governos, as organizações políticas e a sociedade civil têm de trabalhar juntos tendo como objectivo uma maior e melhor educação digital.

As novas tecnologias oferecem oportunidades significativas, mas também apresentam desafios. Todos temos de trabalhar para garantir que estas sejam usadas de forma responsável e ética, para promover uma democracia mais participativa, transparente e eficiente.

4. Isto leva-nos à questão que me parece a mais pertinente ligada à aplicação das NT à política: o uso do “blockchain”.

Comecemos por o definir: “blockchain” é uma tecnologia que permite que se armazenem e compartilhem informações de forma segura e confiável. É um tipo de banco de dados distribuído, o que significa que a informação é armazenada em vários computadores ao mesmo tempo. Isto torna mais difícil a “hackers” aceder, roubar, raptar e/ou alterar as informações. Esta é composta por blocos de dados, cada um dos quais contendo um conjunto de informações. Os blocos são ligados uns aos outros por uma espécie de código único. Isso significa que cada bloco depende dos blocos anteriores, o que torna muito difícil alterar qualquer informação no “blockchain”.

Esta tecnologia tem enorme potencial para revolucionar a forma como a política é feita. Com as suas características de descentralização, transparência e segurança, ajuda a combater a corrupção, a aumentar a participação cidadã e a tornar o governo mais eficiente.

O “blockchain” permite que os registos sejam verificados de forma transparente, dificultando aos corruptos e aos corruptores esconderem as suas atividades. O “blockchain” pode ser usado para rastrear as doações aos partidos, garantindo que elas sejam feitas de forma legal e transparente.

Também pode ajudar a aumentar a participação dos cidadãos na política, permitindo que estes tenham acesso a informações de forma mais fácil e rápida, o que pode ajudar a aumentar a consciencialização política e a participação nos processos eleitorais. Por exemplo, pode ser usado para criar plataformas de votação “online”, que tornariam o processo mais acessível, fácil e conveniente.

A sua utilização para automatizar processos governamentais, com evidente economia de tempo e dinheiro, redução significativa de burocracia, é também possível. Registar documentos governamentais, emitir licenças e realizar pagamentos, são algumas das suas mais significativas utilizações.

Mas atenção que, e apesar dos benefícios potenciais, o uso do “blockchain” na política também enfrenta desafios. Um dos principais é a necessidade de educação e consciencialização. Tanto cidadãos como políticos, precisam entender como o “blockchain” funciona para se que possam aproveitar os seus benefícios.

O seu uso tem um enorme o potencial para transformar a democracia, tornando-a mais participativa, transparente e eficiente. É uma tecnologia inovadora que revolucionará a forma como os cidadãos se envolvem no processo político e como as decisões públicas são tomadas. Não é difícil imaginar o quanto a máquina do estado pode ser reduzida se seguirmos este caminho. No seu tamanho e na sua ingerência na vida dos cidadãos.

5. Segunda-feira:

Anunciam-se apoios para isto.

Terça-feira:

Anunciam-se apoios para aquilo.

Quarta-feira:

Reúne-se com os órgãos dirigentes e anuncia-se que os outros é que não faziam nada. Anunciam-se apoios para aqueloutro.

Quinta-feira:

Anunciam-se subsídios para isto.

Sexta-feira:

Anunciam-se subsídios para aquilo.

Sábado:

Visita-se a Tasca do Zé da Bebra e ataca-se os outros que nunca fizeram nada. E anunciam-se subsídios para aqueloutro.

Domingo:

Até Deus descansou.

6. Na governação, o caminho de cobrar impostos para pagar um sistema subsidiarista é o mais fácil.

7. Li em tempos um conto, de que já não recordo a autoria, mas que tem a ver com a temática de hoje. Conta, mais ou menos, assim: no futuro, com computadores hiperevoluídos, é perguntado a um deles se Deus existe. O computador pede para ser ligado a todos os outros computadores do mundo e, depois disso, responde: “Sim, agora existe”.