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Madeira

"Logro e aldrabice é a imagem de uma Madeira de sucesso que este Governo Regional tenta vender"

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FOTO Foto Arquivo/ASPRESS

O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, no seu habitual 'Ponto de Ordem' divulgado ao domingo, tece várias questões e críticas sobre a posição do secretário regional do Turismo em relação à cobrança da taxa turística. Em causa estão recentes declarações de Eduardo Jesus sobre essa mesma taxa que é aplicada pelo município santa-cruzense, afirmando que a mesma é um "logro". Filipe Sousa afirma que "logro e aldrabice é a imagem de uma Madeira de sucesso que este Governo Regional tenta vender".

"O Governo Regional, através do secretário do Turismo, Eduardo Jesus, continua a ofensiva contra a taxa turística de Santa Cruz. Uma ofensiva que não tem em vista o interesse público, mas que revela tão só os malabarismos tão ao gosto do PSD, em desrespeito por tudo, e em desrespeito crónico pela autonomia do poder local", começa por indicar Filipe Sousa. 

Desta feita, o secretário do Turismo, ao qual o poder já fez cair todo o verniz, referiu que a taxa turística em Santa Cruz é, e cito, “uma aldrabice”. Sabe o povo que os aldrabões tendem a julgar os outros à sua imagem e semelhança, e sabe em particular o povo deste concelho o trabalho que temos feito com esta taxa, que não penaliza quem aqui vive, como queria o PSD em 2013, mas que põe em prática uma taxa já aplicada em toda a Europa e em Portugal continental. Filipe Sousa

O autarca acusa o Governo Regional de aldrabice ao inscrever no seu programa de Governo "uma taxa turística regional, usurpando um mecanismo que pertence ao poder local, e desvirtuando a própria natureza e finalidade da referida taxa".  

Filipe Sousa desconstrói uma crítica de Eduardo Jesus, que acusou a autarquia de não aplicar a taxa no sector turístico. O presidente da CMSC indica que "não é suposto a taxa servir para isso, mas sim para compensar os municípios da pressão acrescida que os movimentos turísticos causam no seu território", seja em termos de recursos naturais, como a água, ou em matéria ambiental, ou ainda no trabalho acrescido em termos de sistemas de limpeza urbana e recolha de resíduos. Nesse sentido, afirma que a autarquia tem vindo a investir o valor arrecadado com a taxa na recuperação das redes de água e saneamento, nas estações elevatórias, na requalificação urbana, nomeadamente de áreas turísticas como os Reis Magos e o Largo da Achada, na eficiência energética e na criação de cartazes próprios como o Santa Cruz em Flor e o Natal em Santa Cruz.

"Aldrabice, por isso, não é taxa turística em Santa Cruz, mas as incongruências do senhor secretário, que toca a música consoante o baile que o seu partido quer dançar", acusa o presidente. O autarca fala em incongruências uma vez que, de acordo com Filipe Sousa, Eduardo Jesus afirmou em 2019 que a taxa turística "é uma tendência inevitável a existência das taxas turísticas”, até porque “temos verificado que as mesmas acontecem em praticamente todos os destinos". Já em Setembro de 2022 disse que "Santa Cruz tem uma taxa turística, cobra dinheiro e não a aplica no setor. Esse mau exemplo prejudica a imagem da Madeira". Mais recentemente, em Novembro deste ano, afirmou que "a taxa turística em Santa Cruz é «um logro, uma aldrabice»".

Logro e aldrabice é a imagem de uma Madeira de sucesso que este Governo Regional tenta vender, quando a verdade é que não consegue reverter os níveis de pobreza, as listas de espera na saúde, o custo dos transportes aéreos e marítimos. Incapacidades crónicas com implicações diretas no custo de vida e na qualidade e competitividade do destino Madeira. Logro e aldrabice é aproveitar o palco governamental para falar do que não sabe e de poderes, como o poder local, que têm a sua autonomia e que não vão entregar as suas taxas para o Governo gerir a seu belo prazer. Filipe Sousa

"Ou não será uma aldrabice o Governo do Dr. Eduardo Jesus querer apropriar-se de uma taxa que é dos municípios? Deixo a pergunta, apesar de saber, há muito, a resposta", termina.