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No Teatro da Corrupção: Costa(s) largas

Na terra dos brandos costumes, o partido político que se apresentou como o farol da esperança, o guardião da confiança e o exemplo da justiça, demonstrou ano após ano, que afinal não passam de um grupo de malandros sorrateiros. E quando vemos a história repetida, e acreditem, ela repete-se vezes sem conta, não somos capazes de conter a gargalhada pela falta integridade mal disfarçada que algumas das personagens têm demonstrado.

Ato 1: O Início

A nossa história começa com um político que surge como o salvador de um povo que vinha sendo descapitalizado pelo seu principal opositor. Apresentava-se como uma pessoa reta e transparente, e prometia restituir ao povo tudo o que o anterior governo tinha tirado. Rápidamente foi rodeado pelos gatos gordos, que se encarregaram de limpar as sobras no fundo dos pratos. Então, ele começa uma pequena agitação lateral, destruindo interesses instalados, e distanciando-se dos sacos cheios de dinheiro que alguns dos gatos gordos guardavam bem longe dali.

Ato 2: Os Grandes Pretendentes

À medida que os negócios cresciam, e depois de se livrar de alguns parceiros incómodos, ele começa a se rodear por um novo elenco de personagens igualmente astutas. Nesse novo elenco podemos encontrar especialistas em alocar fundos públicos em empresas próximas, novos talentos que garantem altos cargos para familiares não qualificados, e até jovens talentos na difícil arte de esconder factos relevantes em empresas públicas.

Ato 3: A Dupla Desacreditada

À medida que esses políticos acumulavam distinções por cada caso e casinho do qual se conseguiam safar, algo estranho começou a acontecer. Estes políticos começaram a tornar-se estranhamente descarados, a ponto das mais altas instituições do país, declarem que iriam ficar mais atentos aos seus atos. O público, que até ao momento continuava do seu lado, começou a perceber algumas das suas peripécias. Começaram a perceber que aqueles a quem haviam confiado os destinos do país, estestavam afinal mais interessados no seu próprio futuro. A Dupla Desacreditada, como irão ficar conhecidos os nossos protagonistas, começaram a perder credibilidade mais rapidamente do que o ar que perde um pneu furado.

Ato 4: A Revolta do Riso

A beleza desta peça é ser tão absurda que acaba por ser cómica. A prepotência e o sentimento de impunidade são tão flagrantes, que fazem com que os seus personagens sejam capazes de dizer tudo e o seu contrário no espaço de apenas algumas horas, num jogo de cintura mal ensaiado para tentar confundir o público.

Ato 6: O ajuste de contas

No ato final, o mundo corrupto que parece perseguir certos partidos políticos, desmorona e o público exige justiça. A Dupla Desacreditada acabará por se safar de responder perante um tribunal, e a probabilidade de passarem uma pré-reforma num qualquer organismo público nacional ou até internacional, é extremamente elevada.

Conclusão:

A história da corrupção na política e os efeitos nefastos que provoca nas instituições e organismos públicos, é de facto uma comédia dramática. Lembra-nos que, embora apeteça voltar as costas à política, por vezes é melhor rir do absurdo de tudo isto e tentar escolher melhor, numa próxima oportunidade. Mas não se esqueçam da verdadeira lição: a necessidade de reforma, transparência e prestação de contas na vida política é um imperativo. Afinal, na hora de escolhermos um novo elenco de personagens para subir ao palco, devemos pensar se pretendemos ter um governo confiável, ou se preferimos continuar a viver esta comédia dramática.