Rescaldo da maioria absoluta e absurda

Evidentemente que, o que se tem passado nestes últimos dias no País, na parte política e governamental, é de tal modo grave, vergonhoso e de desprestigiante para Portugal e para o seu povo, que só um cidadão inconsciente não leva a sério e se preocupa.

Contudo, é bom recordar que, todos nós cidadãos, temos o dever e obrigação de cuidarmos da nossa saúde mental, mesmo sem termos de recorrer a um profissional abalizado na área para nos dar orientações.

Se estamos na posse das nossas faculdades mentais, logo estamos aptos para nos desligarmos quanto possível das constantes e doentias informações que nos entram em casa pelos vários canais de informação, sobretudo os visuais.

Temos de estar informados, mas alienados não.

Não podemos, nem devemos, levar a sério todas aquelas análises, considerações e justificações, vindas, invariavelmente, quer de gente adulta, mas com um passado já conhecido de bons vendedores de” banha de cobra”, ou daqueles jovenzinhos que deixam crescer a barba para parecerem mais adultos e que não passam de figurazinhas ensaiadas e manipuladas para dizerem aquilo que, de momento, interessa que seja dito.

A nós cidadãos, (antes de ouvirmos essas justificações, a modos de quem tem ou quem sabe que há “contas no cartório “, e pretende desesperadamente que o que se diz não se confirme ou não se prove) cabe-nos o dever de fazermos uma análise sobre as nossas responsabilidades em tudo isto que está acontecendo e, com maior ou menor gravidade, ao longo dos anos, tem vindo a acontecer.

Há quase 50 anos que. livremente, votamos, tempo suficiente para sabermos o que o voto significa, o que pode nos trazer de bom ou de mau para as nossas vidas. Melhor dizendo, o que nos tem dado de bom e de mau para o País e, consequentemente, para (quase) todos nós.

O que estamos a assistir hoje em Portugal é a consequência, o rescaldo de uma maioria absoluta e absurda dada a um partido nas últimas eleições legislativas.

Por mais que abanemos a bandeira da democracia e da liberdade, a verdade é que temos vindo a dar provas de sermos incapazes de governar num regime desta natureza.

Os tiques ditatoriais são uma constante e então quando juntos a uma profunda incompetência e com sinais de leviandade e desonestidade, o resultado é tenebroso, macabro, profundamente desastroso.

Se é verdade que não temos a certeza de que tudo o que de grave se indicia sobre elementos do governo, incluindo o primeiro-ministro, se venha a confirmar, também não deixa de ser verdade que nos custa acreditar de que tudo seja falso.

E esta dúvida só Deus sabe quando nos vão tirar. Num País onde os processos, mais ou menos desta natureza, se arrastam infinitamente pelas salas dos tribunais, muitas vezes até a sua prescrição, não nos custa admitir que estes casos não tenham a mesma conclusão.

O que é lamentável, pois temos absoluta certeza de que com uma justiça mais célere, com julgamentos e penas aplicadas dentro de prazos mais rápidos, ter-se-iam evitado muitos casos de gravidade extrema, não só na política, como noutras áreas onde o crime tem compensado.

Juvenal Pereira