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Madeira

"Os madeirenses merecem saber as motivações do PSD e do CDS"

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“Que legitimidade política tem o governo PSD, a quatro dias das eleições [regionais], assinar o documento que compromete o futuro dos madeirenses?” Esta é a questão fulcral no entender do líder parlamentar do PS-M. 

Victor Freitas reage sobre a formalização do contrato de concessão que viabiliza a construção do Teleférico do Curral das Freiras celebrado quatro dias antes do acto eleitoral. “Ainda é possível reverter, basta o PAN querer”, sublinha, ‘chutando’ para o lado da deputada do PAN e de Mónica Freitas - entretanto já reagiu - a responsabilidade e a pressão política sobretudo por entender que “ficará comprometida numa matéria de que é cara ao Partido dos Animais e Natureza”.

O deputado socialista exige, por isso, que seja explicada “tim tim por tim tim”, as “motivações” pelas quais social-democratas e centristas quiseram agilizar um processo que no seu entender “merece ampla discussão pública” até que haja uma decisão final sobre a empreitada que continua a gerar amplo debate.

Tal como revela o DIÁRIO na sua edição impressa, o contrato de construção está datado de 13 de Outubro, mas só foi assinado no dia 16, e tem as assinaturas Manuel Filipe, presidente do IFCN (Instituto das Florestas e Conservação da Natureza) e de José Pedro de Araújo Lopes e de Nuno André Borges de Freitas, em representação da concessionária, a Inspire Capital Atlantic, Sociedade de Investimento e Consultoria, Lda.

Apesar de assinado faz hoje uma semana, a decisão que autorizou a adjudicação foi concedida no dia 20 de Setembro, quatro dias antes das eleições legislativas regionais do dia 24 do mesmo mês, tendo o objecto do concurso e do contrato sido alvo de debate na pré-campanha e na campanha eleitoral.

Depois disso e na sequência dos  resultados eleitorais, o PSD e Miguel Albuquerque fizeram um acordo de incidência parlamentar com o PAN, um partido que se tem manifestado contra o projecto. No dia 14 de Setembro, foi notícia: ‘PAN critica construção do teleférico do Curral’.

Mónica Freitas, agora deputada, explicava que a oposição ao projecto se justificava “uma vez que este descaracterizará a paisagem natural única desta região, que tem pouca intervenção humana”.

No dia 27 de Setembro, dois dias antes de ir ao Palácio de São Lourenço para se encontrar com o Representante da República, já com o acordo com o PAN nas mãos, Miguel Albuquerque confirmou o que havia sido dito por Mónica Freitas sobre dois projectos polémicos: Estrada das Ginjas e Teleférico do Curral das Freiras. Os projectos serão analisados pelos partidos. Mas Albuquerque dizia que ambos estavam parados ou em fase de concurso.

Ora, perante o que foi sendo tornado público, Victor Freitas alude que tanto o PSD, como CDS, como ainda o PAN, que formam um acordo de incidência parlamentar “devem rapidamente explicações aos madeirenses”.

“Por que é que foi assinado quatro dias antes das eleições”, interroga o socialista que passou recentemente a liderar a bancada do PS-M na Assembleia Legislativa. Ainda que, para já, não tenha qualquer resposta, para si o assunto parece ser claro como água: “Quiseram, às escondidas e nas costas dos madeirenses, salvaguardar a construção do teleférico tornando o processo consumado e irreversível. É a única razão para tanta pressa”.  

E conclui: “Se o PAN não ceder aos seus princípios ainda é possível reverter, basta o PAN querer, ou seja se ainda quiser não haverá teleférico no Curral. Se o PAN ceder, então os madeirenses e os que votaram no partido, devem tirar as devidas ilações”.