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Chefe da NATO pede ao Kosovo e Sérvia para diminuírem tensão e apoia mediação da UE

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O secretário-geral da NATO pediu hoje ao Kosovo e à Sérvia para manterem a calma face à elevada tensão registada nos últimos dias na fronteira comum e apoiou o diálogo entre as duas partes mediado pela União Europeia (UE).

Através da sua conta oficial na rede social Twitter, Jens Stoltenberg informou ter contactado com o primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, sobre o regresso da tensão e "a importância" em que permaneça no terreno a missão KFOR da NATO, enviada para o território após o fim da designada "guerra do Kosovo", em meados de 1999.

"Todas as partes devem manter a calma, evitar ações unilaterais e apoiar o diálogo mediado pela UE", sublinhou Stoltenberg, que assegurou a intenção de prosseguir em "estreito contacto com Pristina e Belgrado".

A UE renovou um convite às duas partes para o prosseguimento em Bruxelas das negociações destinadas à "normalização das relações".

A tensão tem diminuído progressivamente desde segunda-feira após uma noite de domingo assinalada por protestos dos sérvios kosovares motivados pela decisão de Pristina de proibir documentos de identidade e matrículas sérvias no seu território, uma medida que foi adiada "por um mês" após pressões ocidentais.

Os sérvios do Kosovo levantaram o bloqueio de estradas no norte da antiga província da Sérvia, após os dirigentes de Pristina terem ordenado o encerramento dos postos fronteiriços.

O Kosovo pretendia aplicar desde 01 de agosto o que designa por "medidas de reciprocidade", pelo facto de a Sérvia também não aceitar documentos de identificação ou matrículas da sua ex-província que autoproclamou a independência em 2008.

Após algumas horas de incerteza, incluindo alguns disparos e sirenes antiaéreas, o Governo de Kurti recuou face às pressões dos Estados Unidos e da UE, e anunciou a aplicação das medidas para 01 de setembro.

A KFOR (Kosovo Force), atualmente com cerca de 4.000 efetivos e mandatada pela ONU, decidiu aumentar a sua presença em diversas zonas do país e advertiu estar disposta a intervir para assegurar a "estabilidade" do Kosovo.

Belgrado nunca reconheceu a secessão do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra sangrenta iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais.

O último episódio de tensões ocorreu em setembro passado após a decisão de Pristina de proibir as matrículas de identificação sérvias.

Durante diversos dias, foram bloqueados dois postos fronteiriços.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 115 países, incluindo os Estados Unidos que mantêm forte influência sob a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território, e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência.