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Alemanha diz que há soldados russos em Gao após saída de franceses

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Foto DR

O Governo alemão informou hoje da "presença presumida de forças russas uniformizadas" na cidade maliana de Gao, logo após a partida na segunda-feira dos últimos soldados franceses da operação Barkhane.

A partir desse momento, foi detetada a presença russa nessa cidade do norte do Mali, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, numa conferência de imprensa regular.

Gao alberga um contingente de soldados alemães, não muito longe da antiga base ocupada pelos franceses.

Uma presença russa nessa zona "modificaria o ambiente da missão", avisou o porta-voz, acrescentando que o embaixador alemão em Bamako entrou em contacto com o ministro dos Negócios Estrangeiros maliano para abordar este assunto e que Berlim está também em contacto com as Nações Unidas.

O governo alemão diz ter conhecimento da presença de um avião que poderá ter sido entregue ao Mali pela Rússia e que estaria em serviço na segunda-feira no aeroporto de Gao.

"Temos informações segundo as quais entre 20 e 30 pessoas, que não podem ser atribuídas às forças armadas malianas, foram vistas num hangar e se preparavam para carregar e descarregar esse avião", disse uma porta-voz do Ministério da Defesa alemão na mesma conferência de imprensa.

Esses elementos, acrescentou, foram objecto de um "exame aprofundado".

Trata-se de um "avião de treino e de combate terrestre de tipo L-39", entregue pela Rússia aos malianos, diz o exército alemão numa carta dirigida às comissões de Negócios Estrangeiros e da Defesa do Bundestag, a câmara baixa do parlamento, revelada na terça-feira pelo semanário Der Spiegel.

As relações entre a junta militar no poder em Bamako e a França, a antiga potência colonial, azedaram nos últimos meses, especialmente desde a chegada ao Mali de paramilitares do grupo de segurança privado russo Wagner, levando os dois países à rutura, após nove anos de presença francesa no Mali para lutar contra o extremismo islâmico.

As relações entre o Mali e a ONU, cujos capacetes azuis estão presentes no território maliano desde 2013, também se deterioraram nos últimos meses.