A Madeira será o que os Não-Residentes fizerem!

A Madeira será o que os Não-Residentes fizerem!

Na declaração da tomada de posse do II Governo da Região Autónoma da Madeira, em 1978, o então presidente eleito, Alberto João Jardim, marcou o seu discurso, com a frase: “A Madeira será o que os madeirenses fizerem”.

Após 44 anos, já não é bem assim ao que concerne na política habitacional. Com a entrada em vigor da Lei dos vistos gold em 2012, sabíamos pouco do quanto

especulativo o mercado imobiliário iria estar numa década, afetando sobretudo os

residentes, com um dos mais baixos salários anuais médios em 2021 na União Europeia, que nada podem fazer para competir com os não residentes, quando se

trata de adquirir uma habitação própria.

Perante esta situação o atual XIII Governo Regional, tardiamente, implementou em vários concelhos, projetos para construção pública como também aquisição de habitação a operadores privados para a população com carências habitacionais, por exemplo no Funchal, será de 158 fogos, de acordo com o artigo do JN publicado a 21.07.2022 e ainda espera construir mais uma mão cheia de fogos, tudo isto infelizmente em 2 a 3 anos até ficar concretizado. Num município onde estão inscritas na empresa Sociohabita, que gere o parque habitacional do Funchal, pelo menos 5000 pessoas para habitação pública!.

Será que todo este frenesim de despesa pública para habitação é mesmo com intuito dar uma pequena ajuda face ao tamanho do problema? Ou é mais um

“handicap” para as eleições legislativas regionais que estão aí à porta?. É legítimo indagar, devido à história do modelo político praticado na RAM, assente na despesa em obra pública, para encher o olho ao povo.

Contudo não seria mais fácil e mais económico, agilizar a Lei dos vistos gold?, de forma que os não residentes estejam restringidos para investimento em imóveis novos ou imóveis para reabilitação? Deixando assim os imóveis existentes para o

mercado regional, e possivelmente suavizando a médio e a longo prazo o preço

destes últimos?

A curto prazo nada afetará quem neste momento, e nos próximos anos vindouros governará, todavia quem ainda preocupa-se em votar são os residentes, porventura se querem manter um futuro governo com a mesma cor partidária que representam,

é aconselhado a ser mais proativo e deixar as sementes para o que resta da população mais nova, que já não é feliz nem ignorante.

Diogo Barrios