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Acções de Trump resultaram no ataque ao Capitólio

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A comissão que investiga o ataque ao Capitólio norte-americano realizou as três primeiras audiências, apresentando provas de que as falsas narrativas de Donald Trump sobre fraude eleitoral levaram diretamente à violência de 06 de janeiro de 2021.

As audiências da Comissão feitas no corrente mês de junho - pelo menos mais duas estão agendadas - surgem na sequência de uma investigação de um ano e de mais de 1.000 entrevistas.

O painel apresentou testemunhas ao vivo e por vídeo, inclusive de entrevistas com muitos dos conselheiros mais próximos de Trump que tentaram dissuadi-lo dos seus esforços para permanecer no poder.

A comissão também mostrou vídeos do ataque violento daquele dia, alguns dos quais nunca haviam sido vistos antes.

Ao expor metodicamente as suas descobertas iniciais, os membros da comissão de nove membros dizem que estão a tentar lembrar a um público já cansado o que estava em jogo naquele dia e o que poderia ter acontecido se o vice-presidente Mike Pence e outros intervenientes não tivessem rejeitado os esforços de Trump para reverter a sua derrota.

A comissão também está a compilar uma enorme quantidade de evidências que o Departamento de Justiça quer usar nas suas próprias investigações.

Entre os principais pontos apresentados nestas três audiências, está a pressão sentida por Pence.

A audiência de quinta-feira concentrou-se na pressão de Trump sobre o seu vice-presidente depois de todos os 50 estados norte-americano terem certificado a vitória presidencial de Joe Biden e os tribunais de todo o país rejeitado as tentativas da sua campanha de contestar legalmente os resultados.

Como ficou sem opções, Trump e um pequeno grupo de aliados voltaram-se para a certificação final do Congresso em 06 de janeiro.

O vice-presidente preside essa sessão a cada quatro anos num papel cerimonial. Incitado por um professor de direito constitucional chamado John Eastman, Trump pressionou Pence a desafiar a lei e centenas de anos de precedentes, de forma a intervir para contestar ou atrasar a contagem.

Greg Jacob, um advogado de Pence, disse que o vice-presidente estava decidido desde o início a não levar a cabo o plano de Trump.

Contudo, Trump aumentou a pressão nos dias que antecederam a certificação, culminando com uma ligação que os assessores descreveram como "acalorada" entre os dois políticos na manhã de 06 de janeiro, um grito para que Pence "fizesse a coisa certa".

A comissão registou essa linha temporal dos acontecimentos com entrevistas em vídeo de assessores da Casa Branca, clipes do discurso de Trump e imagens da multidão enfurecida pedindo o assassinato de Pence.

O painel exibiu ainda vídeos de depoimentos nos quais os assessores dizem que discordaram do plano ou tentaram convencer o Presidente a desistir dele -- embora poucos deles se tenham manifestado publicamente na época.

A comissão também exibiu um vídeo do depoimento da filha de Trump, Ivanka Trump, e do seu marido, Jared Kushner.

Na ocasião, Ivanka Trump disse ao painel que a ligação telefónica do seu pai com Pence na manhã de 06 de janeiro foi "bastante acalorada" e teve "um tom diferente" de todas as conversas anteriores.

Não foram divulgadas as transcrições completas das entrevistas.

Numa outra audiência, a comissão mostrou evidências de que as alegações de Trump de fraude generalizada na eleição eram falsas.

Duas outras audiências estão agendadas ainda para este mês. Espera-se que uma audiência na terça-feira se concentre nas autoridades estaduais que foram contactadas por Trump e pela Casa Branca enquanto o republicano tentava anular os resultados.

Audiências adicionais analisarão a pressão de Trump sobre o Departamento de Justiça para declarar a eleição "corrupta" e o que estava a acontecer dentro da Casa Branca à medida que a violência se desenrolava.

Após as audiências, a investigação continuará e o painel espera emitir relatórios finais até ao final do ano. Os investigadores ainda não informaram se tentarão que Pence ou Trump testemunhem, seja de form privada ou pública.