A Guerra Mundo

EUA dizem que Kiev prometeu não usar armas norte-americanas contra Rússia

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Foto EPA

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, disse hoje que a Ucrânia deu "garantias" ao seu país de que não usará novos sistemas de mísseis prometidos por Washington para atingir alvos em território russo.

"É a Rússia que ataca a Ucrânia. Não o contrário. Para ser claro, a melhor maneira de evitar uma escalada é a Rússia acabar com a agressão e a guerra", disse Blinken, durante uma conferência de imprensa, em resposta às críticas de Moscovo sobre o fornecimento de armas a Kiev.

"(O conflito) pode terminar amanhã, se a Rússia terminar a agressão. (...) Mas não vemos nenhum sinal nessa direção nesta fase", acrescentou, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que partilhou a conferência de imprensa.

Blinken disse que, enquanto a guerra continuar, os EUA querem "garantir que a Ucrânia terá o que precisa para se defender".

"Em relação aos sistemas de armas que fornecemos, os ucranianos deram-nos garantias de que não usarão esses sistemas contra alvos em território russo", acrescentou o secretário de Estado norte-americano.

Os EUA anunciaram, na terça-feira, o fornecimento à Ucrânia de sistemas de lançamento de foguetes ('rockets') montados em veículos blindados ligeiros, conhecidos pela sigla HIMARS, de 'High Mobility Artillery Rocket System´.

Estes sistemas têm um alcance de cerca de 80 quilómetros e representam um reforço significativo das capacidades das forças ucranianas, que têm recebido sistemas com um alcance de 40 quilómetros.

O equipamento faz parte de um novo pacote mais amplo de assistência militar dos EUA à Ucrânia no valor total de 700 milhões de dólares (653 milhões de euros, ao câmbio atual), cujos pormenores deverão ser anunciados hoje.

Hoje, o Kremlin reagiu dizendo que Washington está a "deitar achas para a fogueira", e que esse gesto norte-americano "não ajuda a relançar as negociações de paz" com Kiev.

Em Riade, Arábia Saudita, numa entrevista coletiva transmitida pela televisão pública russa, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse hoje que os pedidos de armas da Ucrânia são uma provocação para envolver o Ocidente em ações militares que ocorrem naquele país.

"Esta é uma provocação direta que procura envolver o Ocidente em ações militares", disse Lavrov, referindo-se aos repetidos apelos de Kiev para o fornecimento de armas.

A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,8 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).