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Seria preciso inflação média de -0,8% entre Maio e Dezembro para atingir meta

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O Fórum para a Competitividade estima que para atingir a meta prevista no Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) seja necessária uma inflação mensal, em média, negativa em 0,8% entre Maio e Dezembro.

A nota de conjuntura divulgada hoje, assinada pelo diretor do gabinete de estudos da entidade, Pedro Braz Teixeira, assinala que "para se atingir o valor de 3,7% previsto no Orçamento para 2022, a inflação mensal teria que ser, em média, negativa em 0,8% entre Maio e Dezembro", o que considera ser "extremamente inverosímil".

Segundo o Fórum para a Competitividade, se os preços já não subissem mais até ao final do ano, a inflação média de 2022 seria de 6,1%.

Ainda assim, não exclui "que, com uma eventual estabilização da situação na Ucrânia, se possa assistir a uma queda significativa dos preços energéticos e, assim, em menor grau, da própria inflação".

O grupo de reflexão destaca que em Portugal, em abril, a inflação acelerou de 5,3% para 7,2%, aproximando-se muito da zona euro e deixando de ser uma das mais baixas nesta área.

"Quando amainar o problema dos preços da energia, há tendência para Portugal ficar com inflação mais elevada do que na zona euro, o que será mau para a competitividade. Aliás, enquanto na zona euro os preços da energia desaceleraram, no nosso país aceleraram", referem.

O Fórum recorda que, na zona euro, a inflação quase estabilizou, subindo apenas de 7,4% para 7,5%, sendo de registar que houve estabilidade na Bélgica (9,3%) e diminuição em quatro Estados-membros: Países Baixos (de 11,7% para 11,2%), Espanha (9,8% para 8,3%), Itália (6,8% para 6,6%) e Finlândia (5,8% para 5,6%).

Na nota de abril, sublinha ainda que, no primeiro trimestre, a economia acelerou em cadeia, de 1,7% para 2,6%, de que resultou uma forte aceleração homóloga, de 5,9% para 11,9%, o que, admite, é um resultado mais favorável do que o esperado e superior à sua estimativa.

"O que poderá explicar esta diferença será, em parte, uma mais acentuada quebra da taxa de poupança, que está numa trajetória de "normalização", após a forte subida com a covid. É surpreendente a resiliência das exportações líquidas, apesar da forte subida dos preços das importações de produtos energéticos e alimentares", justifica.

O Fórum acrescenta ainda que a evolução do PIB português foi "muito diferente da evolução da generalidade dos outros países da zona euro, o que constitui um argumento adicional para não fazer grandes extrapolações para os próximos trimestres com base neste resultado muito favorável".

Neste sentido, antecipa um abrandamento da economia ao longo do segundo trimestre, sinalizando que poderá "continuar se as razões de pessimismo internacional persistirem".