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Bloom! Esqueçamos isso…

A família, perante os claros transtornos dos filhos e familiares, pouco ou nada podem fazer, porque sendo maiores de idade podem recusar tratamentos, internamentos e o fim é a morte pela loucura ou a prisão se cometerem um crime grave

Para quem não sabe a Madeira foi pioneira nas medidas de combate às Drogas sintéticas. Foi pela mão da, então, deputada Rafaela Fernandes do PSD que se criou a primeira legislação que regula a venda das substâncias psicoativas e que permitiu o encerramento das chamadas smartshops que vendiam este tipo de drogas na cidade do Funchal. Nelson Carvalho, responsável UCAD do Governo Regional, ao longo dos anos tem feito um trabalho exemplar na prevenção, sensibilização e apoio técnico nestas temáticas. Infelizmente, nem com o trabalho magnífico de muitos, conseguimos inverter uma situação preocupante. A violência tem assolado a nossa cidade, fruto do consumo de substâncias cujos efeitos mentais são irreversíveis. A Madeira encabeça a lista das regiões portuguesas onde há mais prevalência de consumo de substâncias psicoativas sintéticas, sobretudo bloom.  Mas o que é preciso dizer é que desde 2012 que a Assembleia Legislativa da Madeira viu a Assembleia da República chumbar três projetos de resolução, um deles, em forma de projeto lei, que podia combater este flagelo.  “As autoridades regionais sentem-se abandonadas por Lisboa”. Nelson Carvalho, diretor da UCAD, diz que “infelizmente parece que enquanto não acontecer nada em Lisboa, não interessa”. E lembra que “os senhores deputados da nação também têm o dever de salvaguardar a segurança e a saúde dos madeirenses e dos açorianos” in CNN. Vemos alguns partidos a querer fazer politiquice com este tema. É fácil deitar a culpa a toda a gente, em especial ao Governo Regional, mas a verdade é que isto é bem mais complexo do que se julga e só vai lá com uma alteração da lei, no que concerne à possibilidade de internamentos compulsivos e a uma rápida alteração da lei, à medida que vão aparecendo novas substâncias sintéticas, por forma a que a polícia possa actuar com efectividade. Se é certo que a polícia tem falta de meios e é necessário que a república reforce esses meios na RAM, para que a polícia possa actuar como força dissuasora com mais patrulhamento, a verdade é que a lei também tem de mudar para que possa haver consequências a quem comercializa e trafica. A família, perante os claros transtornos dos filhos e familiares, pouco ou nada podem fazer, porque sendo maiores de idade podem recusar tratamentos, internamentos e o fim é a morte pela loucura ou a prisão se cometerem um crime grave. São muitos os alertas há vários anos por parte do Governo Regional, através de Nelson Carvalho que não se cansa de falar sobre este assunto e mover todos os esforços com ações e campanhas. Têm feito um trabalho excepcional. Mas não possuí uma varinha de condão que lhe conceda o desejo de acabar com este flagelo que conhece tão bem. Mas, entretanto, o problema agrava-se e todos sofrem. Sofrem as famílias destes consumidores de drogas, sofrem as vítimas, alvo de crimes cometidos por estes e traficantes, sofrem as entidades que não têm meios para combater este problema, começa a sofrer a imagem que temos de uma ilha supostamente segura e irá sofrer a economia que tanto depende desta imagem. Aos politiqueiros do costume, parem de fazer política barata com este assunto. Devíamos era estar todos unidos no combate ao problema, com soluções e com informação técnica correcta.  Eu percebi claramente a mensagem de Pedro Calado quando disse que queria o exército na rua. Técnica de comunicação que resultou na perfeição. Vejam lá se não começaram a falar do problema a nível nacional. Vejam lá se não pôs a nu as fragilidades do sistema, com as devidas responsabilidades em melhorar as condições da PSP, mudar uma lei lenta que não responde de imediato à rápida evolução deste flagelo.... ? É preciso por vezes ter um discurso aparentemente absurdo, para que se chame a atenção para um problema grave e ignorado.  Mas agora temos o Futebol, a época festiva do Natal, por uns tempos dirão eles “esqueçamos isso” enquanto nós, que cá estamos, sofreremos.