A Guerra Mundo

MNE espera esta semana novo pacote de sanções à Rússia e desbloqueio de ajuda a Kiev

None

O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse hoje esperar, esta semana, um novo pacote de sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia e o desbloqueio do pacote de ajuda macrofinanceira a Kiev para 2023, contornando o veto da Hungria.

"Haverá hoje à noite uma reunião a nível de embaixadores para afinar alguns elementos sobre o nono pacote" de sanções à Rússia e, "em relação ao apoio macrofinanceiro, será objeto de discussão a nível de chefes de Estado e de Governo esta semana, [pelo que] acredito que esta semana esses dois elementos serão finalizados", disse João Gomes Cravinho.

Em declarações aos jornalistas portugueses em Bruxelas, à margem do Conselho de ministros europeus dos Negócios Estrangeiros e da reunião ministerial com a Parceria Oriental, o governante apontou que, na reunião dos chefes da diplomacia da União Europeia (UE), foi abordada a "necessidade de reforçar o apoio [comunitário] à Ucrânia de dois modos".

"Em primeiro lugar, com o nono pacote de sanções, e devo dizer que em torno da mesa há um consenso generalizado quanto ao impacto que as sanções têm, um impacto muito penalizador para a Rússia, ao contrário daquilo que por vezes se vê entre alguns comentadores. Segundo, foi possível chegar a um acordo sobre o reforço do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, reforçando muito significativamente a afetação financeira para o apoio militar à Ucrânia", elencou João Gomes Cravinho.

Questionado sobre qual o plano 'B' relativamente ao veto húngaro sobre o pacote de 18 mil milhões de euros de ajuda à Ucrânia, o chefe da diplomacia portuguesa insistiu que "o que se pretende é que a ajuda financeira à Ucrânia [...] seja aprovada esta semana".

"Em princípio, deverá haver um acordo nesse sentido. Naturalmente que não pode passar com nenhum veto, portanto a nossa expectativa é que se levante o veto [da Hungria]", adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE).

Dois dias após o Conselho da UE ter chegado a um acordo provisório para desbloquear o pacote de ajuda macrofinanceira à Ucrânia para 2023, num montante de 18 mil milhões de euros, contornando o bloqueio da Hungria, os ministros dos Negócios Estrangeiros centraram-se hoje no apoio que o bloco comunitário pode continuar a prestar a Kiev, ao nível militar, mas também para ajudar os ucranianos a enfrentarem o inverno face aos cortes de energia provocados pelos ataques das forças russas a infraestruturas críticas.

No passado sábado, o Conselho da UE alcançou um acordo preliminar sobre um pacote legislativo que permitirá à UE ajudar financeiramente a Ucrânia ao longo de 2023 com 18 mil milhões de euros.

A proposta foi adotada pelo Conselho por procedimento escrito e será apresentada ao Parlamento Europeu para eventual adoção esta semana.

Os países da UE encontraram, assim, uma solução para tentar contornar o veto da Hungria, que tem mantido bloqueada a ajuda à Ucrânia como uma medida de chantagem para que os seus homólogos europeus dessem 'luz verde' ao seu Plano de Recuperação e Resiliência e não congelassem os seus fundos devido aos problemas relacionados com os compromissos de Budapeste com o Estado de direito.

Hoje, os Estados-membros da UE alcançaram um acordo político com vista a assegurar a sustentabilidade financeira do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, que contempla um aumento do teto financeiro para 2023 em dois mil milhões de euros.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.