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Ucrânia, China, clima e relações comerciais marcam visita de Macron aos EUA

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Guerra na Ucrânia, preocupações com as agressivas movimentações chinesas no Indo-Pacífico e o desânimo europeu relativo à lei climática de Biden marcaram a conversa na Casa Branca entre o presidente dos EUA, anfitrião, e de França, em visita oficial.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, está em visita oficial aos EUA e é hoje honrado com o primeiro jantar de Estado da administração Biden, mas, antes, os dois líderes juntaram-se na Sala Oval da Casa Branca para discutir preocupações comuns.

No topo da agenda estava a guerra na Ucrânia, em curso há nove meses e que já provoca contestação aos esforços tanto de Joe Biden como de Macron para manter a unidade nos EUA e na Europa ao apoio económico e militar a Kiev na luta contra os avanços russos.

"As escolhas que fizermos hoje e nos próximos anos vão determinar o curso do mundo nas décadas seguintes", disse Biden, numa cerimónia de boas-vindas.

No encontro com Biden, o presidente francês começou por reconhecer os "tempos desafiantes" na Ucrânia e apelou a uma melhor "sincronização de ações" entre as duas nações no que diz respeito ao combate às alterações climáticas.

Em Washington, numa altura em que os Republicanos se preparam para assumir o controlo da Câmara dos Representantes, o líder do partido na câmara, Kevin McCarthy, avisou já que os deputados republicanos não vão passar um "cheque em branco" à Ucrânia.

Na cerimónia de boas-vindas, Macron sublinhou a necessidade de França e EUA manterem o Ocidente unido enquanto a guerra continuar.

"As nossas duas nações são irmãs na luta pela liberdade", disse Macron, apelando à unidade ao mesmo tempo que a divisão entre ambos provocada por questões comerciais ensombra a visita.

Macron deixou claro que ele e outros líderes europeus estão preocupados com os incentivos a uma nova lei ambiental que favorece tecnologia de fabrico americano, incluindo carros elétricos, deixando críticas à legislação num almoço com deputados americanos na quarta-feira e novamente num discurso na embaixada francesa.

Macron afirmou que enquanto os esforços da administração Biden para combater as alterações climáticas devem ser aplaudidos, os subsídios anunciados são um enorme revés para as empresas europeias.

"As escolhas que foram feitas...são escolhas que vão fragmentar o Ocidente", disse Macron, afirmando que a legislação "cria diferenças de tal forma grandes entre os EUA e a Europa que aqueles que trabalham" do lado americano "vão simplesmente pensar" que "não vão voltar a fazer investimentos no outro lado do Atlântico".

Macron sublinhou que os benefícios fiscais previstos na nova lei ambiental como encorajamento à compra de carros elétricos nos EUA são uma discriminação dos produtores europeus e uma violação das regras da Organização Mundial do Comércio.

O presidente francês pretendia vincar a sua posição contra os subsídios junto das autoridades norte-americanas, deixando claro que é crucial para a Europa e para os EUA "saírem mais fortes, não mais fracos", num momento em que o mundo recupera da pandemia e da guerra na Ucrânia, de acordo com um alto responsável do Governo francês.

Outro responsável adiantou que França também pretende obter exceções na legislação dos EUA a alguns fabricantes europeus de energias limpas, mas do lado da administração Biden contrapuseram que a legislação ajuda os EUA a atingir metas climáticas globais.

A visita oficial acontece numa altura em que França e EUA se mantêm atentos à China, que enfrenta protestos devido à estratégia anti-covid.

A visita de Estado é vista como um impulso diplomático que Macron pode aproveitar no regresso, com as posições que defendeu a poderem ser usadas como prova de que defende os trabalhadores francês, ao mesmo tempo que mantém uma relação próxima com Biden.