País

Mais de 80% dos empregadores querem contratar em 2023 apesar do maior pessimismo

None

Mais de 80% dos empregadores pretendem contratar em 2022, sobretudo trabalhadores em regime permanente, apesar de cerca de metade estar pouco ou nada otimista quanto ao clima económico global, segundo um estudo da consultora Hays.

As conclusões integram o 'Guia do Mercado Laboral 2023', elaborado pela consultora de recrutamento especializado Hays com base nas respostas de 3.139 profissionais qualificados e 842 empregadores a inquéritos anónimos 'online' efetuados em outubro de 2022 e que analisa as mais recentes tendências salariais e de recrutamento do mercado de trabalho qualificado em Portugal.

De acordo com o estudo, "dado o cenário de guerra na Europa e as consequentes crise energética e inflação, não surpreende que cerca de metade dos empregadores se sinta pouco ou nada otimista em relação ao clima económico global e às oportunidades de emprego que este possa gerar nos próximos dois a cinco anos".

Ainda assim, "26% optam por um sentimento de neutralidade, e 25% indicam mesmo que se sentem otimistas", acrescenta.

Apesar deste "relativo pessimismo dos empregadores", a Hays nota que "a maioria tem uma perspetiva positiva em relação à evolução futura do seu negócio": 58% indicam que os níveis de atividade da sua empresa deverão aumentar ao longo do ano 2022 e apenas 7% acreditam que os níveis de atividade irão diminuir.

Segundo a consultora, "as perspetivas de recrutamento para 2023 parecem refletir esta perspetiva de surpreendente resiliência perante um panorama económico instável", com 82% dos empregadores a afirmarem que pretendem contratar em 2022.

Aquele valor está "em linha com os verificados em anos de crescimento como 2018, 2019 e 2020" e "constitui uma quebra de apenas dois pontos percentuais relativamente ao valor recorde verificado em 2022", que foi um ano de recuperação no recrutamento, após a incerteza inicial da pandemia.

Do inquérito efetuado resulta ainda que a grande maioria dos empregadores (81%) pretendem contratar colaboradores em regime permanente, enquanto 17% deverão contratar colaboradores temporários e 7% optarão por 'freelancers' e 'contractors'.

"No entanto, estes planos de contratação podem revelar-se particularmente desafiantes para as empresas em Portugal", antevê a Hays, que perspetiva 2023 como "mais um ano de quebra no interesse dos profissionais em mudar de emprego", num mercado que "historicamente tem relevado escassez global de talento qualificado".

De acordo com a consultora, "ainda que 70% dos profissionais demonstrem vontade de mudança, este valor constitui uma quebra de quatro pontos percentuais comparativamente ao ano anterior e surge no seguimento de uma curva descendente que teve início em 2022", sendo necessário recuar até 2019 para encontrar uma percentagem tão baixa quanto a apontada para 2023.

Os resultados do inquérito destacam os perfis de tecnologias da informação (com 30% dos empregadores), engenheiros (28%), comerciais (26%) e administrativos/suporte (17%) como os que serão mais procurados pelos empregadores em 2023.

E, se os primeiros três registam "uma ligeira quebra" nas intenções de recrutamento comparativamente ao ano anterior, os perfis administrativos e de suporte sobem este ano para a quarta posição da tabela, ultrapassando os perfis de 'marketing 'e comunicação (que apresentam uma quebra de três pontos percentuais).

Segundo a Hays, também os perfis financeiros, de logística/'supply chain' e de apoio ao cliente estão "ligeiramente acima" do último ano.

"O facto de as empresas com centros de serviços partilhados em Portugal apresentarem intenções de recrutamento muito superiores às restantes (89% versus 79%) poderá ajudar a explicar este aumento no interesse por perfis administrativos, financeiros e de apoio ao cliente", considera a consultora.

Entre as engenharias mais procuradas, prevê-se que estarão a Engenharia Mecânica, Engenharia e Gestão Industrial, Engenharia Eletrotécnica, Engenharia Civil e Engenharia Industrial e da Qualidade, destacando-se ainda a Engenharia do Ambiente, que entrou este ano para o top 10 da tabela de preferências dos empregadores, quase duplicando os valores do ano anterior.

Relativamente a 2022, a maioria dos empregadores indicou que os resultados da sua empresa estiveram em linha com expectativas, mas 31% revelou que os resultados ultrapassaram as expectativas, sendo este "o valor mais elevado registado desde 2019 e que constitui um aumento de cinco pontos percentuais comparativamente ao ano anterior".

Adicionalmente, 88% dos empregadores afirmaram ter efetuado contratações este ano, 48% disse ter feito promoções e 39% ter registado um aumento de benefícios.

Por outro lado, 32% efetuou despedimentos (o segundo valor menos elevado desde 2015) e apenas 2% optou por reduzir os benefícios oferecidos na sua empresa.

Quando questionados sobre os principais motivos das promoções realizadas em 2022, a maioria (76%) dos empregadores indicam a 'performance' do colaborador, enquanto 29% indicam uma reestruturação interna ou a necessidade de motivar o colaborador e 26% referem o crescimento da equipa.

Já no que diz respeito aos principais motivos de despedimento, 47% dos empregadores referem a baixa 'performance' dos colaboradores, enquanto 30% indica a necessidade de reestruturação de equipas.

A quebra de volume de negócios em contexto de pandemia motivou apenas 11% dos empregadores a despedir -- "uma quebra bastante acentuada comparativamente aos 23% do ano anterior", segundo nota a Hays.

A escassez de talento no mercado foi a expressão que mais consenso reuniu entre os inquiridos para descrever o mercado de trabalho em 2022, seja uma escassez global de candidatos ou de profissionais especificamente qualificados.

Já 22% referiu que a concorrência de outros empregadores é "feroz" neste momento e 21% indicou que os candidatos têm requisitos salariais pouco realistas. Apenas 3% acredita que o mercado oferece, neste momento, o volume de talentos necessários.