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Polícia Rodoviária pede reforços para "completo desbloqueio" das estradas no Brasil

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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) pediu hoje reforços a outras forças policiais para o "completo desbloqueio" das estradas bloqueadas por apoiantes do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

"O acionamento de todo o efetivo disponível desta instituição e o amparo das polícias militares não se mostraram suficientes para a completa desobstrução dos mais de 400 pontos de bloqueios" disse o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, um confesso apoiante de Jair Bolsonaro, que tem sido criticado pela pouca proatividade demonstrada para terminar com estes protestos.

Embora a tendência seja decrescente, existem ainda mais de 200 pontos com bloqueios totais ou parciais ativos em vários estados do país, incluindo os três mais populosos: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

As ligações ao maior aeroporto do Brasil, Guarulhos, em São Paulo, chegaram a estar bloqueadas durante várias horas provocando o cancelamento de, pelo menos, 25 voos.

Para pôr fim a esta "insurreição", conforme descrito por um grupo de procuradores brasileiros, o Supremo Tribunal teve de intervir e emitir uma ordem, autorizando os governadores a utilizar a sua polícia, dada a aparente fraqueza da Polícia Rodoviária Federal.

Vídeos a circular nas redes sociais, mostram ainda que grupos organizados de pessoas, entre os quais claques de futebol, estão também a desbloquear estradas.

A claque de futebol do Clube Atlético Mineiro, que se dirigia para São Paulo para apoiar a sua equipa, furou um dos bloqueios.

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, procurou hoje aclamar os seus apoiantes, naquele que foi o primeiro discurso depois da sua derrota nas presidenciais de domingo.

"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre são bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população", frisou.

Jair Bolsonaro apelava assim aos milhares de apoiantes, que desde a madrugada de segunda-feira bloquearam várias estradas do país por não aceitarem o resultado das eleições, que Luiz Inácio Lula da Silva venceu com 50,9% dos votos, contra 49,1% obtidos por Bolsonaro.

Além disso, Jair Bolsonaro garantiu hoje que vai respeitar a Constituição, dando assim início ao processo de transição.

"Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto Presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição", disse.

Desde que ficou conhecido o resultado eleitoral, vários dos mais proeminentes apoiantes de Jair Bolsonaro reconheceram a derrota, assim como grandes setores de apoio do Presidente, como o agronegócio, e mostraram-se contra as manifestações nas estradas do país, deixando assim o chefe de Estado com cada vez menos espaço de manobra.

Depois da sua declaração, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou ter recebido autorização por parte do Presidente brasileiro para iniciar o processo de transição da presidência.

Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos.