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Tufão Rai afetou três vezes mais pessoas que inicialmente calculado nas Filipinas

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Foto AFP

O tufão Rai, que deixou em dezembro um resto de destruição em zonas de pobreza extrema nas Filipinas, afetou três vezes mais pessoas do que inicialmente calculado e causou danos que foram "largamente subestimados", revelou esta sexta-feira a ONU.

A tempestade, que atingiu o sul e centro das Filipinas, causou 406 mortos e centenas de milhares de desalojados.

Uma semana depois do tufão ter devastado a região, foi iniciada uma campanha para angariar mais de um milhão de dólares, para apoiar as vítimas, número inicialmente estimado em três milhões de pessoas.

No entanto, novos dados apontam que o tufão afetou nove milhões de pessoas e que serão necessários mais fundos, explicou o enviado da ONU nas Filipinas, Gustavo Gonzalez.

"Um mês após a chegada do supertufão Rai, percebemos que inicialmente subestimamos muito a extensão da devastação", realçou durante uma conferência de imprensa virtual, citado pela agência AFP.

Mais de um milhão e meio de casas foram destruídas ou danificadas, e regiões inteiras, já afetadas pela pandemia de covid-19, pobreza e desnutrição, viram a sua economia "literalmente arrasada".

Grupos humanitários continuam a trabalhar com as autoridades filipinas para a distribuição de água potável, alimentos, tendas e materiais de construção.

Mas a escala do desastre, acima do esperado, e o facto da eletricidade e comunicações ainda não estarem restauradas em certas regiões, tornam este trabalho particularmente difícil, ao mesmo tempo que as finanças do governo estão praticamente a zero, após a crise causada pela pandemia.

As equipas de socorro estão a trabalhar em regiões afetadas pela variante Ómicron e pela chuva incessante, o que está a complicar ainda mais as tarefas.

O funcionário da ONU revelou ainda que apenas 40% dos fundos prometidos pelos vários países foram pagos até agora.

O Rai foi o 15.º tufão a atingir as Filipinas em 2021, e chegou num momento delicado devido a receios sobre a nova variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19.

Este tufão é particularmente tardio para a época, dado que a maioria das tempestades tropicais no Oceano Pacífico se formam entre julho e outubro.

Há já algum tempo que os cientistas alertam que os tufões se estão a tornar cada vez mais poderosos, à medida que aumenta o aquecimento global causado pelo homem.

As Filipinas são atingidas todos os anos por cerca de 20 tufões, que causam vítimas e danos em infraestruturas.

Em novembro de 2013, o supertufão Hayan, o mais devastador da história recente do país, causou mais de 7.300 mortos ou desaparecidos e deixou 200.000 famílias desalojadas nas ilhas de Samar e de Leyte.

As Filipinas são um dos países mais vulneráveis à crise climática devido a catástrofes naturais.

O país situa-se no chamado "Anel de Fogo do Pacífico", uma área onde se regista cerca de 90% da atividade sísmica e vulcânica do planeta.