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Candidatura de Macron deve chegar no Inverno com partido já no terreno a preparar eleições

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 Emmanuel Macron poderá ser o último candidato a declarar-se às presidenciais de 2022, e convém-lhe porque além de ser o mais popular dos candidatos o seu partido começa em setembro a trabalhar na reeleição.

"Ele vai anunciar a candidatura tardiamente. Haverá, possivelmente, um anúncio no inverno, quando já tivermos saído um pouco mais desta crise sanitária e já durante a presidência da União Europeia", considerou o politólogo e investigador Benjamin Morel, em declarações à agência Lusa.

Será a melhor posição para o chefe de Estado francês segundo este professor universitário, já que até à campanha para as eleições presidenciais, que se realizam nos dias 10 e 24 de abril, Emmanuel Macron continua em funções e com várias frentes de combate como a crise sanitária, mas também as reformas que ainda quer levar a cabo e ainda a atualidade internacional.

"É um Presidente da República que quer continuar a reformar, a agir pelos franceses e protegê-los até ao fim do mandato. Ele não encara esta 'rentrée' dizendo-se que é preciso gerir o tempo até às eleições", afirmou à Lusa Hervé Berville, porta-voz dos deputados do partido República em Marcha, que apoiam o Presidente.

Hervé Berville disse à Lusa não saber se Emmanuel Macron já tomou uma decisão em relação à sua candidatura, mas reconhece que o Presidente tem outras prioridades à frente da governação do país.

Criado em 2016 como um movimento de apoio a Emmanuel Macron, o República em Marcha rapidamente se tornou um partido de poder, detendo a maioria na Assembleia Nacional e tendo eleito 23 eurodeputados em 2019. 

Berville indica que o primeiro passo nesta campanha é fazer com que todos os eleitos deem a conhecer junto da população o que a maioria fez nos últimos quatro anos.

"A primeira coisa que estamos a fazer é assumirmos o que fizemos em todos os planos e dizermos que cumprimos as nossas promessas. Se não dissermos o que fizemos, ninguém vai fazê-lo por nós. E isso permite-nos contra-atacar os absurdos que os nossos adversários políticos dizem sobre nós", declarou o deputado.

O partido vai reunir-se em seminário de 05 a 07 de setembro na cidade de Angers, no que será uma ocasião para ministros e deputados afinarem o discurso à volta do balanço do mandato. Também será o momento de acordar as bases, com a mobilização de cerca de 400 mil pessoas que nos últimos quatro anos estiveram envolvidas com o partido.

Mas o República em Marcha sabe que é difícil fazer tudo sozinho e, por isso, vai tentar ao máximo alargar a base de apoios de Macron com alianças com outras forças políticas.

"Nós não nos vamos fechar na nossa base de apoio. O Presidente quer ser cada vez mais o Presidente de todos e a base deverá ser ainda maior que em 2017. Não só a República em Marcha, mas também Modem, UDI Agir, Territórios de Progresso e alguns partidos ecologistas", declarou Hervé Berville.

Mesmo depois do movimento dos "coletes amarelos", a greve mais longa na história recente da França e a pandemia de covid-19, a governação de Macron continua a avançar com 41% dos franceses a dizerem-se satisfeitos com as suas ações, uma progressão que se acentua junto dos jovens entre 25 e 34 anos, segundo uma sondagem do Journal de Dimanche conhecida esta semana.

"Macron é o candidato mais credível porque ele já demonstrou que é capaz de fazer o seu trabalho, quer se concorde ou não com as suas opções. Não tem de se dar a conhecer, ele já é o candidato mais popular", considerou Benjamin Morel.

Nas suas passagens por Côtes d'Armor, onde foi eleito na Bretanha, Hervé Berville diz já ter recebido milhares de pessoas e, apesar de nem sempre as pessoas apoiarem as opções políticas do Presidente, há algo que todos reconhecem.

"Há opiniões muito diferentes, mas há um consenso: o Presidente da República trabalha e age pelos franceses, tentando reformar o país. Isso ninguém pode negar. A missão dele é transformar a França. Ele não deixa ninguém indiferente", assegurou.

Cabe agora ao partido do Presidente encontrar uma nova conjugação de valores que o levou ao Eliseu em 2017, numa altura em que em França ninguém estimava que um candidato independente e com um movimento recém-formado conseguiria triunfar nas eleições.

"Temos de propor novas ideias sobre a ecologia, trabalho. Isso é um trabalho de fundo que já começou e agora vamos apresentá-las ao debate público. E será depois o Presidente a avançar com estas ideias, caso ele seja candidato", concluiu o deputado.