Eleições Autárquicas Madeira

“Faltam lugares para estacionar, como nos anos 80”

A requalificação da requalificada - no início do século - frente mar da Ribeira Brava é o maior desejo dos ribeira-bravenses. Especialmente de quem vive do comércio, numa Vila que começa a (re)ganhar mais atractividade e movimento com a nova 'promenade' na marginal até à Tabua.

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Freguesia de grandes contrastes entre a urbana baixa da Vila e as recônditas comunidades das zonas altas, algumas debruçadas sobre a escarpa do imponente vale que se estende até a Serra de Água, a freguesia da Ribeira Brava regista assinalável expansão imobiliária, com grande impacto nas zonas sobranceiras (cotas intermédias), tanto na zona de São João, como da Apresentação.

Mas é lá em baixo, na Vila, que a freguesia sente ‘o pulsar’ da dinâmica que tem vindo a recuperar, depois dos áureos anos 90 do último século.

Quem vive do comércio na ‘baixa’ (des)espera por uma Ribeira Brava que volte a ser ponto de paragem obrigatório, tal como se verificava até ao início deste século, antes da requalificação da frente-mar.

“Esta [Sociedade de Desenvolvimento da] Ponta Oeste enquanto até que não mude, isto não melhora nada”, vaticina Avelino Xavier, atrás do bar que explora na esquina entre a ‘marginal’ e a principal rua que atravessa a Vila.

“Faltam lugares para estacionar, como nos anos 80. Era isso que eu queria. As camionetas aqui em frente, o turismo, a Rodoeste (transporte público) e isso tudo”, defende. “A Ribeira Brava tem de voltar a ser ponto de paragem, como era antigamente”, justifica.

“Estamos mal é por isso. Antigamente trabalhava aqui com cinco empregados, até seis, e agora trabalha-se só dois”, justifica.

O anunciado novo projecto de requalificação da frente-mar faz ‘sonhar’. Mas só vendo para crer, porque “eles prometem, mas onde é que está as coisas?”. Ainda assim elogia a autarquia.

“O Ricardo [Nascimento] este mandato fez umas coisinhas boas aqui na Ribeira Brava. Não fez mais derivado à pandemia, senão tinha feito mais”.

A recuperação da marginal até a Tabua “foi uma coisa boa que fizeram ali. Devia era ter sido até à Ponta do Sol”.

Lamenta é que só agora o Governo esteja a intervir na estrada para a Apresentação. “Aquilo já era para estar feito”, afirma.

Comércio que “já esteve pior, mas também já esteve melhor. O turismo ainda é fraco”, concretiza.

Paula Gouveia também elogia a dinâmica, “neste mandato”, da Câmara. E o trabalho da Junta. Sobretudo na manutenção das veredas. Repudia é a falta de manutenção no “tratuário” – deck da frente-mar. “Uma vergonha. E não é de agora. É só tábuas levantadas e algumas rebentadas. Um perigo”, avisa.

Na ‘isolada’ Fajã da Ribeira – acima do nó de acesso à via rápida -, impera o sossego. Ali tudo fica tão perto e tão longe. “Por enquanto está bom, se não piorar”, diz João dos Reis. Com o Centro Desportivo da Madeira e o ‘Modelo’ do outro lado da ribeira, só lamenta que não tenham construído uma ponte, “mesmo que fosse só para passar a pé” na parte norte da ‘fajã’. “Facilitava o acesso” ao ‘hiper’.

Quem vive do lado da Apresentação (poente), reclama sobretudo da demora em recuperar a segurança na estrada acima do cemitério. “Vá lá que as eleições servem para alguma coisa”, insinua Pedro Abreu.

Do lado oposto do vale, em São João, a tónica das eleições está também nas palavras de Bernardete Vasconcelos, residente na zona do Til, na Boa Morte.

“Estão a fazer algum trabalho bom, ninguém diz que não, embora seja próximo das eleições a gente já sabe como é. Mas com todos os partidos é assim”, admite. Na opinião desta ribeira-bravense “esquecem-se um bocadinho da zona alta”, nomeadamente do Til e Boa Morte que “tem tantos terrenos abandonados” porque “falta um bom acesso até ao Til. Uma estrada ia valorizar. Os terrenos iam ser limpos e iam-se vender, porque fica a 15 minutos do Funchal”.

Ainda assim reconhece que “o Ricardo [Nascimento] está a fazer um bom trabalho”. Mas também lembra que o presidente da Câmara “anda a prometer há tanto tempo um parque de merendas acima do Til. Tem lá um espaço fantástico. Até hoje, nada feito”, lamenta.

Argumentos para reforçar “era importante valorizar um bocadinho a parte alta da Ribeira Brava”.

Faz também notar que “as veredas estão limpas”, neste que é trabalho da Junta de Freguesia.