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'Campeões da Terra 2021' premeia mulheres, no maior galardão ambiental da ONU

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Foto AFP

Uma chefe de governo, uma cientista, mulheres indígenas e uma empresária foram hoje homenageadas pela ONU e nomeadas "Campeões da Terra 2021" pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), este ano totalmente no feminino.

O maior prémio ambiental da ONU foi hoje anunciado em Nairobi, no Quénia. O galardão distingue pessoas ou instituições pelo seu impacto transformador no ambiente e pela liderança no avanço de ações ousadas e decisivas em nome das pessoas e do planeta.

Este ano o PNUA nomeou como campeã na categoria de Liderança Política a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, que tem com insistência alertado para a vulnerabilidade dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento face às alterações climáticas.

A ONU considera-a uma "força motriz" para a ação climática em toda a região da América Latina e Caraíbas, e refere que, sob a sua liderança, Barbados adotou objetivos ambiciosos em matéria de energias renováveis e transportes, além de estar a desenvolver projetos de conservação e restauração de florestas, cidades ou linhas de costa.

A associação "Sea Women of Melanésia" (Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão) recebeu o prémio na categoria Inspiração e Ação, pelo trabalho que tem em formar mulheres locais em monitorizar e avaliar os impactos do branqueamento generalizado dos corais, provocado pelo aumento da temperatura da água, em alguns dos recifes mais ameaçados do mundo, usando a ciência e a tecnologia marinha.

Na área da Ciência e Inovação foi distinguida Gladys Calema-Zikusoka, do Uganda, a primeira veterinária da Autoridade da Vida Selvagem do Uganda e uma autoridade mundial em primatas e doenças zoonóticas.

E Maria Kolesnikova, do Quirguistão, foi distinguida na categoria Visão Empreendedora, completando assim o grupo de mulheres distinguidas este ano na área do ambiente pela ONU.

Maria Kolesnikova é advogada e dirigente da "MoveGreen", uma organização ambientalista e que trabalha para monitorizar e melhorar a qualidade do ar na região da Ásia Central.

"Estes Campeões da Terra inspiram, defendem, mobilizam e agem para enfrentar os maiores desafios ambientais do nosso tempo, incluindo a proteção e restauração dos ecossistemas", diz a ONU num comunicado, no qual explica também que desde a sua criação, em 2005, o prémio anual Campeões da Terra já foi atribuído a 101 pessoas/instituições (25 líderes mundiais, 62 personalidades e 14 organizações).

"Ao entrarmos numa década decisiva, para reduzir as emissões e proteger e restaurar os ecossistemas, os Campeões da Terra do PNUA demonstram que todos podemos contribuir. Cada ato pela natureza conta. Todo o espetro da humanidade tem uma responsabilidade global e uma profunda oportunidade", disse Inger Andersen, diretora executiva do PNUA.

E acrescentou, citada no comunicado da ONU: "Os Campeões deste ano são mulheres que não só nos inspiram, mas também nos recordam que temos nas nossas mãos as soluções, o conhecimento e a tecnologia para limitar as alterações climáticas e evitar o colapso ecológico".

Os prémios do PNUA pretendem inspirar e motivar mais pessoas para enfrentar a tripla crise planetária, as alterações climáticas, a perda da natureza e da biodiversidade, e a poluição.

No comunicado a ONU diz que os prémios deste ano destacam a Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas, que decorre até 2030. E salienta que ao travar e inverter a degradação dos ecossistemas terrestres e aquáticos se pode evitar a perda de um milhão de espécies ameaçadas.

Os cientistas dizem que a restauração de apenas 15% dos ecossistemas em áreas prioritárias e consequente melhoria dos habitats, pode reduzir as extinções em 60%, salienta a ONU.

E alerta: "Nunca houve uma necessidade tão urgente de reavivar ecossistemas danificados como agora. Os ecossistemas suportam toda a vida na Terra. Quanto mais saudáveis forem os nossos ecossistemas, mais saudável será o planeta - e a sua população".