Cada mercado tem o público que merece.A Madeira faz muito pouco para atrair os segmentos que tornam a Região sustentável. Não é que o modelo existente, por excesso de oferta, seja propriamente sustentável, mas passemos por cima disso.

A última “grande vitória” da Região, que se descobriu posteriormente ser do Turismo de Portugal, e não da Região, foi pagar à Ryanair para esta abrir uma base na Madeira.

A minha questão é a seguinte: na medida em que os preços típicos da Ryanair andam por algumas (poucas) dezenas de euros, na medida em que o público Ryanair é, tendencialmente, muito jovem, e que os nossos públicos tradicionais viajam em tour operação, será esta uma aposta interessante?

Não corremos o risco de atrair um público (ainda) mais básico do que o que nos tem visitado nos últimos anos?

Não correremos o risco de estar a negligenciar os nossos mercados tradicionais (o público europeu mais idoso), que tradicionalmente não procura (ou procura menos) as LCCs?

Compreendo a vontade de encontrar uma alternativa à tour operação, mas o modelo deveria ter privilegiado, na minha perspectiva, as companhias de bandeira europeias, e a própria TAP, no sentido de assegurar ligações directas ou, na pior das hipóteses, melhores ligações em Lisboa.

Mas “investir” nos “custos de marketing” da Ryanair parece-me, mais uma vez, um tiro no pé.

Espero estar enganado. Mas tenho receio de não estar.