Diz o DN de Segunda Feira, 14 de Setembro de 2020, na sua primeira página que devido “à crescente redução da precipitação anual está a complicar mais a distribuição. Tem sido necessário subtrair água ao Regadio Agrícola, revela a empresa pública ARM, cuja prioridade tem sido garantir o abastecimento nas casas dos madeirenses. Consumo diminuiu 4% no 1º semestre.” Refere também que o ano passado choveu menos 54% e que as reservas em galerias e lagoas são da ordem do 40% da sua capacidade…

Dizem também que “ as disponibilidades hídricas têm vindo a diminuir há sete anos…e que “o consumo diminuiu 4% no primeiro semestre….”

Justificar tudo com as alterações climatéricas demonstra-nos que há incompetência no diferentes governos do PSD desde há 44 anos!!!! O problema da falta de água começou há alguns anos atrás. Vou repetir o que aconteceu: A Madeira tinha cerca de 20.000 hectares de agricultura de regadio, que correspondia a um consumo de água de rega na ordem dos 10.860.000 metros cúbicos. Atualmente cultivam-se cerca de 4.000 hectare, quatro vezes menos o que corresponde a um consumo de água de rega da ordem dos 2.172.000 metros cúbicos. A diferença entre estes dois números corresponde na teoria á água que a ARM tem roubado aos agricultores que é de 8.688.000 m3 em cada giro!!!! Como disse esse número seria o real se cada hora correspondesse aos 54 m3 tradicionais e se os giros fossem de 15 dias, mas segundo me informaram esses números estão reduzidos a 18 m3, (3 vezes menos) na quantidade e o giro de 15 dias passou nalguns casos a 2 MESES (quatro vezes mais), segundo me informaram que já acontece em Camara de Lobos, logo o Roubo é muito maior. A ARM escuda-se na legislação que diz que em primeiro lugar está o consumo do que a rega, mas a verdade é que o consumo aumentou estrondosamente e as canalizações envelheceram, sem que tenha havido o cuidado de as recuperar. Excetua-se a Camara Municipal do Funchal que tem feito um esforço financeiro gigantesco para substituir canalizações velhas, caducas e algumas ainda de lusalite.

Mesmo considerando, como a ARM “se justifica” que estamos há sete anos com problemas de falta de chuva, isso seria tempo mais do que suficiente para ter o assunto resolvido, mas na verdade desde que o PSD chegou ao Governo Regional começou a subtrair a água aos agricultores, portanto teve muito mais tempo para resolver tão grave problema. São 44 anos a sacrificar os agricultores em especial dos Concelhos da Ribeira Brava, Camara de Lobos e Santa Cruz.

Aliás o Governo Regional sempre tratou mal os agricultores, fez umas “coisitas” para poder dizer que sempre fez alguma coisa. Os agricultores que alimentam a cidade nunca foram vistos com bons olhos pelo poder regional desde a revolução do leite, da farinha e das águas. Foi necessário lutar para conseguir alguma coisa, mas os governantes sempre responderam com pancadaria e prisão. Recordo-me também da sua luta para um aumento no preço da Cana de Açucar em 1975 depois do DN ter publicado um trabalho meu sobre esse assunto e conseguiu quase um aumento de 100%, com a ocupação da casa Hinton e da Administração Geral do Alcool e do Açucar (AGA) – Delegação Regional.

A ARM e a Secretaria do Ambiente no seu esclarecimento publicado no DN, escondem a maior parte da questão e os agricultores sabem que podem contar comigo para apoiá-los, enquanto houver uma gota de água a correr para o mar, enquanto existir mar e enquanto as canalizações não estiverem recuperados. Eu também sou agricultor e sei muito bem o que é querer regar e não ter água por incompetência e desleixo de quem a fornece. Gastam-se milhões e milhões de euros em marinas que nunca viram um barco e outros elefantes brancos que não funcionaram e nunca são capazes de dar uma mãozinha ao agricultor. Pelo menos não lhe roubem o que já têm.

Agricultores nunca se esqueçam daquilo que os atuais governantes têm feito!!!! Quando chegar à altura das eleições castiguem quem não faz nada por nós e vejam se conseguem unir-se para se manifestar contra todo o mal que vos têm feito. Estarei convosco, ao vosso lado.

Duarte Caldeira