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Guterres exorta dirigentes e rebeldes afegãos a reduzirem conflitos para facilitar a paz

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, encorajou hoje o Governo afegão e os talibãs a redobrarem esforços na redução dos conflitos no Afeganistão, protegendo os civis e criando um ambiente favorável às negociações de paz iniciadas no Qatar.

O Governo afegão e os talibãs iniciaram hoje em Doha negociações de paz históricas num contexto de profundas divergências entre as duas partes, após quase duas décadas de guerra, na presença física do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.

"No início das negociações, exorto ao redobrar dos esforços para proteger os civis e diminuir o conflito, com o objetivo de salvar vidas e de criar um ambiente favorável para as negociações", disse o secretário-geral das Nações Unidas, durante uma intervenção virtual na cerimónia de abertura das negociações.

Guterres defendeu que devem ser os afegãos a decidir o "conteúdo e a natureza" das negociações, enfatizando a importância de ambos os lados garantirem a participação das mulheres.

"Um processo de paz inclusivo, no qual as mulheres, os jovens e as vítimas do conflito estão representados de uma forma significativa, oferece a melhor esperança de uma solução sustentável", disse Guterres.

O líder da ONU mostrou-se esperançoso com os dois cessar-fogo declarados este ano no Afeganistão e disse esperar que os milhões de refugiados afegãos espalhados pelo mundo, muitos deles nos países vizinhos Irão e Paquistão, possam regressar ao seu país, graças a este processo de paz.

"O início das negociações de paz intra-afegãs em Doha, entre a República Islâmica do Afeganistão e os talibãs, representa uma grande oportunidade para alcançar as antigas aspirações de paz para o povo" deste país, concluiu.

A cerimónia de abertura das negociações contou com a presença física do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, bem como de vários dirigentes e rebeldes afegãos, e também com a participação virtual de diversos ministros e chefes de Estado de vários países e dirigentes de organismos internacionais.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, saudou, na sua conta oficial na rede social Twitter, o início das negociações, que considerou "uma oportunidade histórica".

"Devemos apoiar o Afeganistão nesta estrada longa e difícil", disse, considerando que, "depois de décadas de conflito, estas conversações são a melhor oportunidade para a paz".

Stoltenberg enfatizou que nos últimos 20 anos muito progresso foi feito no Afeganistão e enfatizou que as negociações devem preservar estas conquistas.

O dirigente está confiante de que estas negociações sirvam para "salvaguardar os direitos humanos de todos os afegãos, especialmente das mulheres, das crianças e das minorias, defender o estado de direito e garantir que o Afeganistão nunca mais seja um porto seguro para terroristas", acrescentou.

Num outro comunicado, a Aliança Atlântica advertiu que os níveis de violência no país "permanecem inaceitavelmente altos e minam a confiança no processo de paz" e exortou as partes a honrarem os compromissos que assumirem neste processo de paz, adotando medidas para o fim da violência.

Sobre o seu papel no país, a NATO refere, sem detalhes, que "vai continuar as suas consultas" sobre a presença de tropas da Aliança, admitindo "ajustá-las" para apoiar o processo de paz, "se as condições o permitirem".

O conflito afegão matou dezenas de milhares de pessoas, incluindo 2.400 soldados americanos, e forçou outros milhões a fugir.

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