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Ainda há jornalistas atacados por procurarem a verdade

Coligação de meios divulga lista de casos mais urgentes

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O fotojornalista norte-americano Austin Tice é o primeiro nome da lista mensal de 10 casos mais urgentes de jornalistas "atacados por procurarem a verdade", divulgada pela coligação internacional de meios de comunicação social One Free Press Coalition.

Com esta lista, publicada na segunda-feira e que começou a ser feita em março de 2019, a coligação de meios pretende denunciar casos de ameaças e ataques a jornalistas, e exigir justiça nas situações em que estes profissionais foram assassinados.

Tice, que terá 31 anos se estiver vivo, desapareceu há oito anos na Síria, quando cobria, de forma autónoma ('freelancer'), a guerra civil no país. Entre os títulos onde colocou trabalhos estão o The Washington Post e a Al Jazeera.

O segundo nome é da jornalista Maria Ressa, que tem dupla cidadania (Filipinas e EUA), e exemplifica, para a One Free Press Coalition, as tentativas de o Governo de Manila "silenciar a comunicação social independente". No seguimento de vários processos em tribunal, que já lhe valeram uma condenação a prisão, em recurso, mais de 70 organizações lançaram em julho uma campanha e uma petição em solidariedade com Ressa e em defesa da liberdade de imprensa nas Filipinas.

Surge depois o nome de Azimjon Askarov, do Quirguistão, ou Quirguízia, que morreu em julho na prisão, aos 69 anos, depois de cumprir 10 anos da sentença a prisão perpétua, com a família a atribuir a sua morte a negligência médica.

Na lista deste mês estão também o iraniano Roohollah Zam, contra quem foi proferida uma sentença de morte em 30 de junho, acusado de espionagem e promover a corrupção, Agnes Ndirubusa e a equipa do meio Iwacu, do Burundi, que acabam de ver negado o recurso interposto de uma condenação a 2,5 anos por atentado há segurança do Estado, e a russa Svetlana Prokopyeva, correspondente da Radio Free Europe / Radio Liberty, acusada de "justificar o terrorismo", que foi multada em sete mil dólares, teve o telemóvel e o computador apreendidos, a casa alvo de busca e a conta bancária congelada.

Entre os nomes divulgados estão também os do indiano Aasif Sultan, que em 27 de agosto assinalou o segundo aniversário da sua detenção sem julgamento, por "cumplicidade" em "acolher conhecidos terroristas", depois de escrever uma história para o Kashmir Narrator sobre a morte de um militante pelas forças indianas, e o de Omar Radi, do sítio independente Le Desk, de Marrocos, detido em julho, depois de uma dezena de convocações para interrogatório, acusado de violação, ataque sexual, receber financiamentos externos e colaboração com serviços de informação estrangeiros.

A jornalista egípcia Solafa Magdy, que trabalha em regime de autonomia, detida desde novembro, depois de ter coberto a realidade da imigração e dos direitos humanos no Cairo, viu a sua detenção, juntamente com o seu marido, prolongada em julho por mais 45 dias. A One Free Press Coalition denuncia negligência médica e as condições desumanas da prisão, bem como o risco de contrair a covid-19 que, aliás, provocou em julho a morte a outro jornalista, detido a aguardar julgamento.

A lista termina com o saudita Jamal Kashoggi, assassinado, desmembrado e incinerado no consulado saudita em Istambul, para informar que o Comité de Proteção dos Jornalistas (CPJ) apresentou em julho um pedido ao Tribunal de Recurso do distrito de Colúmbia, nos EUA, para que a comunidade dos serviços de informações norte-americana confirme ou negue a existência de documentos sobre o seu grau de conhecimento de ameaças a Jamal Khashoggi.

Entre os membros da One Free Press Coalition encontram-se as agências noticiosas internacionais Associated Press, Bloomberg, EFE e Reuters; as redes de televisão CNN, Al Jazeera, Deutsche Welle e Middle East Broadcasting Networks; e meios de comunicação como o The Washington Post, Corriere della Sera, The Financial Times, Süddeutsche Zeitung, BuzzFeed, Forbes, Quartz, Time e Wired.

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