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Propaganda não cura a realidade

Aproximam-se tempos estranhos na política regional. Ainda falta mais de um ano para as eleições autárquicas, mas a retórica da ilusão, da mentira e da reescrita da história já está em marcha e dando sinais de forte aceleração.

Dou apenas dois exemplos.

Primeiro o que aconteceu na última sessão da Assembleia Municipal, onde PSD e CDS, coligados em espírito, abstiveram-se na aprovação de um empréstimo que visa fazer face às dificuldades que muitas famílias estão a sentir e que são decorrentes da autêntica catástrofe social provocada pela pandemia da COVID-19.

O que saiu para a rua, pela mão do deputado social democrata, foi de uma má fé a toda a prova. Disse o dito que o PSD viabilizou o empréstimo e que quer garantir que o mesmo chega a quem precisa. Ora o senhor deputado Bruno Camacho não viabilizou nada. Mesmo que tivesse votado contra, a verdade é que o seu voto não impediria a realização do empréstimo e o fim a que está destinado.

Depois, o senhor deputado, herdeiro de um partido que endividou Santa Cruz e que pedia empréstimos sem se saber onde seriam gastos (ainda hoje não se sabe), não precisa de se preocupar com o destino do dinheiro do empréstimo. Até porque, ao contrário do que acontecia no passado, a própria proposta de empréstimo é clara nos seus objetivos e todos eles visam ajudar as pessoas, reanimar a atratividade do concelho e assim dinamizar o tecido económico. Além disso, a nossa ação é escrutinada e fiscalizada pelas entidades competentes, ao contrário das casas do povo, organismos não eleitos, onde o Governo PSD tem injetado dinheiro para supostamente ajudar o povo.

Mas, a má fé vai ainda mais longe, porque o senhor deputado, que para fora fez aquele discurso bonito de estar ao lado de quem precisa, o que disse na Assembleia Municipal foi que o apoio camarário não era necessário porque o Governo já garantia ajudas. E nisto foi logo apoiado pelo deputado amigo do CDS, que chegou ao cúmulo de afirmar (a reunião está gravada) que os apoios dados às famílias necessitadas criam comodismos e aproveitamentos.

Como se vê, esta gente da direita caviar não vive neste mundo. O PSD. E o CDS não andam com as famílias que perderam emprego e rendimento. Não conhecem as dificuldades porque passam as mais de 700 famílias a quem a autarquia está a entregar mensalmente cabazes alimentares.

Não, senhores deputados, não são comodistas nem aproveitadores, são a nossa gente desesperada, necessitada, envergonhada porque se vê na urgência de pedir ajuda.

Mas estes políticos, a quem nunca faltou nada e a quem não vai faltar nada porque os partidos amigos cuidam dos seus, saíram dessa escola da propaganda encenada que visa alterar a realidade. Mas a realidade existe e permanece imune ao discurso.

Estes políticos são da mesma escola do líder histórico, que sempre apregoou um sucesso que nunca foi tão grande como ele cantava. Esse líder, agora reformado, que ainda há dias veio também criticar as ajudas camarárias e que acusou a autarquia de dar alimentos em vez de criar empregos. Ora caro Dr. Jardim, já lá foi o tempo da verdade única ser aquela que saía da boca de V. Exa. E já toda a gente sabe que a política de emprego não é camarária, mas sim responsabilidade do Governo, do seu e dos Governos que o substituíram. Às Câmaras cabe estar no apoio de proximidade às pessoas. Sim, às pessoas, àquelas pessoas sobre quem o seu partido e a sua muleta dizem não precisar de ajuda e estarem a aproveitar-se da situação.

Eu, pela minha parte, continuarei a acreditar na voz do povo e não na propaganda de quem já só pensa noutros voos.

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