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Plano 2020/2030 País

Estratégia de Costa Silva é "ultraintervencionista"

A opinião é do do Fórum para a Competitividade

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Foto Orlando Almeida / Global Imagens

O plano de recuperação de António Costa Silva é "ultraintervencionista" e conta com uma "lacuna importante" na área da corrupção, de acordo com um boletim do Fórum para a Competitividade, referente ao segundo trimestre deste ano, hoje divulgado.

"O plano de recuperação económica e social 2020-2030, proposto por António Costa Silva, é um trabalho ainda em curso, suscetível de alterações e melhorias, e é nessa perspetiva que se tecem alguns comentários", lê-se na análise, assinada por Pedro Braz Teixeira.

Neste documento, o autor considera que o plano "parte de um diagnóstico deficiente, o que dificulta uma boa terapia. Deficiente ao não identificar a estagnação dos últimos 20 anos e ao supor que problemas 'estruturais' se devem a um modelo ultraliberal, que nunca vigorou em Portugal".

Para Pedro Braz Teixeira, a estratégia é "ultraintervencionista e também micro-intervencionista. Mesmo assim, muito do texto não está operacionalizado, definem-se objetivos, mas não instrumentos", critica.

Além disso, de acordo com a mesma análise, existe uma "lacuna importante" na área da corrupção, referindo que "não há referências ao risco de corrupção, num programa com este nível elevadíssimo de recursos, administrados com um nível elevado de intervencionismo".

Pedro Braz Teixeira disse ainda que o plano é "inconsciente das deficiências do Estado, quer ao nível de pensamento estratégico, quer de pessoal qualificado para concretizar, com qualidade, este intervencionismo", além de se focar "excessivamente" nas estruturas físicas e não nos recursos humanos.

No documento do Fórum para a Competitividade é ainda apontada a "desvalorização dos incentivos económicos", referindo Pedro Braz Teixeira que "pode existir tudo o resto", mas, se o país não for atraente, "não consegue atrair investimentos".

A análise critica ainda a "desvalorização do IDE [Investimento Direto Estrangeiro]", defendendo que "para um país tão endividado como Portugal, só atraindo IDE" permite "sair do ciclo de estagnação-contas públicas frágeis-impostos excessivos-estagnação".

No boletim hoje divulgado, Pedro Braz Teixeira alertou ainda para a "repetição de investimentos questionáveis, desta feita sob a forma de hidrogénio "verde", quando não há qualquer margem financeira para isto" e para a desvalorização do "excessivo endividamento nacional".

Entre os aspetos positivos, o autor destaca o foco nas empresas, na reforma do Estado e a consciência de alguns riscos para o tecido empresarial.

O boletim dá ainda conta de uma revisão "forte" em baixa das estimativas do Fórum para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, "de -4% a -8%, para de -9% para -15%, mantendo-se com um dos pontos médios do intervalo de previsão mais negativo (-12%)".

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