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Longas filas de clientes marcaram reabertura dos bancos na Venezuela

Foto EPA
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As instituições bancárias venezuelanas reabriram hoje as portas durante quatro horas, depois de 80 dias de quarentena preventiva da covid-19, registando longas filas de clientes muitos deles à procura de poder efetuar levantamentos em dinheiro, que escasseia.

“Estive em Sabana Grande (centro-leste de Caracas), na agência de Banesco, e havia muita gente na fila para o ‘caixeiro automático’ (ATM). Apenas consegui levantar 50 mil bolívares em efetivo (0,22 euros) e muita gente reclamou que não havia dinheiro disponível” nas caixas automáticas, explicou à agência Lusa Ángel Pereira.

Preocupado porque tinha que vigiar um edifício de escritórios e esperou muito na fila, este segurança explicou que para poder efetuar alguma transação ao balcão, tinha que esperar até quarta-feira, porque os bancos atendem segundo o último número do bilhete de identidade.

“É complicado, porque preciso apanhar o autocarro todos os dias para ir para o trabalho e para regressar. Já devo dinheiro que pedi emprestado e que exigem que seja pago em notas”, frisou.

Por outro lado, Marlene Martínez esteve no Banco de Venezuela, em Sabana Grande, de onde saiu contrariada porque lhe exigiram que além da máscara, usasse também luvas.

“E como não tinha tive que ir comprar e voltar para a fila”, explicou.

“Estive duas horas na fila e quando pensei que ia ser atendida disseram-me que não havia dinheiro. Estiveram fechados mais de dois meses e meio e abrem sem notas, não tem lógica, é uma falta de respeito pelo nosso tempo perdido”, disse.

Empregada de uma loja de produtos de limpeza, Marlene Martínez, desabafou estar cansada porque “sempre há um ou mais problemas para resolver”.

“Se não for um apagão, é porque a eletricidade que sobe ou desce, porque falta a água, porque há problemas para comunicar, porque tudo está tão caro, porque é difícil conseguir transporte e agora porque não temos televisão por cabo”, desabafou.

Em Caracas, Chacaíto e Chacao havia aglomerações de pessoas junto de algumas lojas que estavam abertas.

O Presidente Nicolás Maduro ordenou a aplicação, a partir de hoje, um modelo próprio de quarentena preventiva da covid-19, que combina cinco dias de flexibilização disciplinada com dez de confinamento obrigatório.

“É o modelo cinco mais dez, cinco dias de flexibilização disciplinada e dez dias de quarentena com setores primários permitidos em funcionamento. Os cinco dias começam na segunda-feira, 01 de junho”, disse, no sábado, durante uma intervenção transmitida em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões do país.

Este modelo prevê que além dos bancos, abram as portas os consultórios médicos e odontológicos, as oficinas mecânicas e os setores da construção civil, as sapatarias, as lojas de roupa, de ferragem, refrigeração e canalização.

A iniciativa abrange também a indústria de matéria prima química e os cabeleireiros.

Durante a flexibilização da quarentena, vai continuar a ser obrigatório o uso de máscara de proteção e 1,5 metros de distanciamento entre as pessoas.

A Venezuela registou oficialmente 14 mortes e 1.510 casos da covid-19, com 302 pessoas curadas da doença.

Desde 13 de março que o estado de alerta está em vigor no país, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.

O Governo venezuelano restringiu voos nacionais e internacionais e a população está em quarentena e impedida de circular livremente entre os vários estados do país, desde 16 de março passado.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 372 mil mortos e infetou mais de 6,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,5 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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