>

Covidências

Infelizmente o COVID está a ser um “despertador de mentalidades”. Durante décadas deixamos o marasmo andar e nos rendemos ao desleixo, de forma natural. Mas muitos comportamentos terão de mudar, em especial aqueles que obrigam ao cumprimento integral de procedimentos de segurança, falo de protocolos e da saúde. Não se admite, nem é aceitável trabalharmos “em cima do joelho”, não se pode assobiar para o lado, porque até aqui, os “maus da fita”, os chatos, eram os que exigiam o seu cumprimento integral. Mas hoje continuamos a assistir, a comportamentos que o COVID agradece, ele e até os outros, que compõem a longa lista de infecções hospitalares. Lavar as mãos não é só pelo covid-19, usar os Equipamentos Proteção Individual, EPIs; não são, só de agora e por exigência do mesmo, são porque é preciso prestar cuidados com segurança. O hospital é hoje um dos sítios onde a concentração de pessoas é maior. Maior que os centros comerciais que estão fechados. É aqui que se concentra o maior risco de contaminação e estando a lidar com contaminação comunitária faz todo o sentido considerar todos os utentes potenciais infectados com Covid e os com infecções respiratórias com potencial grau elevado e a todos fazer testes. Aos profissionais de saúde os fazer á mínima dúvida.Lembro quando surgiu o PPCIRA a adesão às formações e a % de profissionais aderentes era pouca, mais Enfermeiros, apesar de num contexto de crise, sermos poucos e lembro os tempos da troika. As consciências pouco despertas para a problemática da disseminação das infecções hospitalares, que viajam à boleia, como o Covid. Pagamos agora a factura pela ignorância...até me lembro do gozo que faziam aos elos de ligação pelo excesso de zelo. Era e ainda é, habitual assistirmos a profissionais a trabalhar de gravata, com a sua roupa e uma bata, uma calça de ganga e a camisola que identifica a profissão, não pode ser, não se pode admitir que procedimentos “normativos” possam ser violados, por que dá jeito, e não me vou dar a essa maçada. Só que a contaminação de forma inadevertida acontece até quando se utiliza um teclado do PC.Não se pode receber e acolher utentes nos serviços de internamento que chegam da urgência, da consulta ou seja de onde for, com a sua roupa do exterior, agora com o COVID19, NÃO. Assim como não se pode admitir visitantes no serviço os que visitam os serviços porque vem observar utentes têm de ter cuidado e observar as regras de segurança. No actual contexto internar e fazer o internamento de um cliente implica considerar o risco de COVID19 e não se pode admitir ninguém sem todos os critérios de segurança serem considerados, porque todos agradecemos, que a contenção da propagação também seja intra-hospitalar. Transferir um doente com suspeita de COVID depois deste se encontrar 48 horas no serviço, é claramente resultado de algo que falhou, e essas falhas têm rosto, e provavelmente como dizia a velhinha na TV, “eu sou vou dar uma voltinha, e Deus olha por nós todos”Continuamos muito a nós ficar na “Virgem Maria”, e o Covid19, agradece, a verdade é que também equipes na exaustão, são critérios a ter em linha de conta. Não pensem quem agora comanda que o livre arbítrio, e as ordens directas resolvem tudo, o COVID ainda não encerrou nem colocou de quarentena os tribunais e as ordens profissionais. Isto resolve- se com a colaboração de todos e todos sem excepção, terão de ser responsáveis e responsabilizados. Nota-se nas redes sociais uma névoa de nervosismo que indicia um consciente colectivo fortemente depressivo, o que não justifica a má educação e a difamação de profissionais é nuclear não nos deixarmos abater por almas fracas e subservientes ao negativo e catastrófico. Repor a normalidade em especial das cirurgias oncológicas urge, não se morre de Covid19, quiçá, talvez de agravamento do prognóstico.

Fechar Menu