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Nas mãos de um ser abominável e minúsculo

A humanidade atravessa – como todos sabemos – um momento particularmente difícil das suas vidas.

A hora não é de cobranças, de divisões, de retaliações, até de críticas ou reprovações.

É verdade. O momento é de união, de solidariedade e entreajuda entre todos nós, porque, independentemente do extrato social, da religião, da cor politica ou clubística, de todas ou quaisquer diferenças que evidenciamos no nosso quotidiano em situação normal, estamos agora em situação igual, à mercê de um ser minúsculo, invisível a olho nu, que não escolhe, efetivamente, pessoas ou distingue classes sociais.

Contudo, muitas vezes, é só na hora das aflições, sobretudo da doença que nos damos conta que, afinal, não somos tão diferentes uns dos outros como muitos o demonstram no seu dia-a-dia, na prática das suas ações e na prepotência dos seus atos.

Daí, não sendo altura própria, como atrás referimos, de cobranças, retaliações ou reprovações, não deixa de ser um momento oportuno para fazermos uma meditação ou mesmo recordar que, afinal o PODER que muitos julgam ter, a superioridade que evidenciam e até o próprio desprezo pelo seu semelhante pode cair aos pés de um simples ser minúsculo e atroz, de um abominável vírus.

Lembramos que, não há muito tempo, indústrias fluorescentes, com ocupações de clientes muito acima da média, relativamente há uns anos atrás, serviam-se de tudo o que mais condenável existia, desde os baixos salários a quem trabalhava, passando pelos empregos precários e substituindo trabalhadores com formação por pessoal inexperiente e outros estagiários, na ansia do lucro, na mira dos (seus) milhões.

Onde estão os prepotentes administradores que quando eram informados de que alguém lhes estava à porta para pedir-lhes trabalho, recusavam atende-los refugiando-se no “estou em reunião” deixe o contacto que, naturalmente, nunca contactavam?

Estão em casa, talvez com boa mesa, piscina e olhando os seus carros de luxo, mas a sentir na pele o medo, a mesma angústia e privacidade de que os “pobres” dos seus subordinados sentem.

Quanto às empresas, agora sim, com razão podem dizer que estão mal.

Ressalve-se que neste sector industrial há quem não seja nem proceda assim.

Mas há outros e diversificados casos onde a exploração e a impunidade existiam e se sentiam como peixe na água.

E também em certas classes trabalhadoras havia os insaciáveis. Sabendo que a sua paralisação prejudicava o maior número de pessoas não abdicavam de constantes reivindicações.

Hoje estão em casa pedindo a Deus que não lhes falte o salário.

No sector público e governamental também não existia dinheiro para hospitais novos, nem para apetrechar convenientemente os existentes. E muito menos para contratar pessoal habilitado, deixando-os sair para o estrangeiro se quisessem ganhar o pão para o seu sustento, constituir família, seguir em frente com a sua vida.

Agora o dinheiro apareceu ou vai aparecer que daria para a construção de vários hospitais ou apetrechar e remodelar os que existem em situação precária um pouco por todo o País.

Também os profissionais de saúde renegados serão bem-vindos.

Meus amigos, muito mais haveria a dizer mas temos que nos quedar por aqui.

Lembramos só que, perante a DOENÇA, a VIDA e a MORTE, somos TODOS IGUAIS.

E se todos se lembrassem disso talvez tivéssemos uma SOCIEDADE mais equilibrada, mais justa e muito mais bem preparada para enfrentar e derrotar as pragas que nos aparecem.

Como assim não queremos a BEM, vem, provavelmente, o Universo e impõe-nos a MAL.

Juvenal Pereira

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