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Estado de Emergência

Sejamos fiéis ao que sempre fomos, um povo acolhedor, autêntico e solidário

Chegados a 2020, muitos de nós não esperariam estar a atravessar tamanha experiência negativa, que a todos atormenta e amedronta. Mesmo depois de uma década que iniciámos com o desafio de ultrapassar uma profunda crise económica, e onde fomos fustigados por um aluvião devastador, por terríveis incêndios e, mais recentemente, por um abalo sísmico que nos despertou a imaginação para o pior.

Uma nova ameaça está à nossa porta, nas ruas, nos locais que habitualmente frequentávamos com familiares, amigos e colegas, devido a esta guerra que temos de travar perante um inimigo invisível e cruel, indiferente a raças e credos, que atinge todos os povos, sem discriminar nenhum. E é, porventura, o maior desafio das nossas vidas, que não deixa ninguém imune.

Este é o momento de nos protegermos, a nós e aos nossos. É um momento de recato, de isolamento, mas é também um momento de reflexão, de proximidades outrora esquecidas, de solidariedade, de responsabilidade e, mais do que nunca, de respeito por todos.

É sobretudo no respeito pelos outros que gostaria de dar enfoque, recordando não apenas os que nos são próximos, ou os nossos conterrâneos, mas todos, sem exceção. Nunca é de mais lembrar que os períodos de maior crescimento, prosperidade e desenvolvimento da nossa Madeira foram aqueles em que nos abrimos ao exterior. Nunca é de mais lembrar que, muitos daqueles turistas ou emigrantes que neste momento se encontram entre nós, estão em situação idêntica a muitos portugueses, muitos deles madeirenses, que se encontram espalhados pelo mundo, e foram igualmente surpreendidos por esta pandemia à escala global.

Estamos em estado de emergência, todos os cuidados e apelos são poucos, mas façamo-lo com respeito pelo próximo. Porque emergência pode significar uma situação crítica, um acontecimento inesperado de gravidade excecional, mas também significa nascimento, aparecimento ou efeito de emergir. Sendo um eterno otimista, é-me impossível não olhar para a segunda parte do significado desta palavra. Nela reside a lição que estamos a aprender, nela reside a esperança que nos dá coragem para o que temos de enfrentar.

Sejamos fiéis ao que sempre fomos, um povo acolhedor, autêntico e solidário, pois tudo o que deu frutos no passado, voltará a dar no futuro, mesmo que o mundo seja um lugar diferente. O mundo será seguramente diferente, acredito que para melhor, mas a abertura ao exterior voltará a ser o nosso grande motor de desenvolvimento e irá contribuir decisivamente para a recuperação que todos almejamos. Vencida a guerra, o futuro a nós pertence, e o sucesso dependerá da nossa capacidade de emergir, aparecer e renascer. Vai ficar tudo bem!

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