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Governo de Maduro acusa EUA de preparar agressão militar

FOTO Reuters
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A Venezuela pediu à ONU para investigar as violações à Carta das Nações Unidas pelos Estados Unidos da América, acusando os norte-americanos de usar a vizinha Colômbia para preparar uma agressão militar.

“A Venezuela pede que se investiguem todas as infames violações da Carta das Nações Unidas por parte dos EUA, que constituem delitos que lesam a humanidade contra a Venezuela e o mundo”, disse a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, em Nova Iorque, na 74.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.

À intervenção não assistiram representantes de vários países que, em protesto, abandonaram a sala.

“Eu o digo com absoluta responsabilidade: os EUA e os seus aliados regionais preparam uma agressão contra a Venezuela, desde a Colômbia, pondo em risco a segurança e a estabilidade do continente”, frisou.

A governante denunciou ainda que a recente activação, pela Organização de Estados Americanos (OEA) do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), é um mecanismo “para ir semeando os pilares para uma intervenção militar na Venezuela”.

“Ao aprovar o obsoleto TIAR, está a semear-se os pilares para justificar uma intervenção armada liderada pelos EUA e instrumentada por outros governos”, alertou.

Delcy Rodríguez acusou ainda o Presidente da Colômbia, Iván Duque, de mentir ao afirmar que estão a ser treinados grupos paramilitares colombianos em território venezuelano.

“O Presidente Duque obrigou-nos a trazer, a esta Assembleia-Geral, as coordenadas precisas e concisas de acampamentos onde se treinam terroristas para agredir a Venezuela, em três locais, Santa Marta, Rio Hacha e Maicao”, explicou.

Delcy Rodríguez mostrou fotografias do presidente do parlamento venezuelano, o opositor Juan Guaidó, acompanhado por um elemento do grupo paramilitar colombiano Los Rastrojos, que foram divulgadas pela imprensa há algumas semanas e que causaram polémica, levando o político venezuelano a afirmar que se tinha fotografado com milhares de pessoas às quais não pedia identificação.

A vice-presidente acusou igualmente o Presidente dos EUA, Donald Trump, de ter imposto “mais de 350 medidas coercitivas (sanções) unilaterais contra a Venezuela”, entre elas a apropriação de todos os recursos e activos venezuelanos no estrangeiro, com o propósito de conseguir um bloqueio financeiro total e asfixiar a economia do país”.

Segundo Delcy Rodríguez, “estima-se que entre o ano 2015 e 2018 as perdas para a economia venezuelana foram de 130 mil milhões de dólares (117 mil milhões de euros), pelo brutal bloqueio financeiro”.

A vice-presidente venezuelana explicou que o país está a viver “um colapso económico na Venezuela”, mas as políticas do país funcionam, referindo que 19 milhões de pessoas beneficiam do sistema de segurança social venezuelano.

“Há um novo tipo de terrorismo de Estado, que se impõe sobre os povos. Já não usam bombas, mas medidas impostas usando o dólar”, frisou.