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O ressabiamento dos Macedos e a tribo socialista

Há Macedos ressabiados. Eu que o diga. O até então responsável pela medicina nuclear do Sesaram - agora suspenso - denunciou em forma de rajada de metralhadora um “sistema” que sabemos estar longe de ser perfeito. O que mais me surpreendeu foi a virulência do “ataque” sobretudo dirigido a outros seus colegas com graves acusações, quando se sabe que a classe médica é geralmente corporativa e fecha-se em copas por detrás das muralhas do castro a toda a ameaça que pressinta. Aliás, há várias classes profissionais na área da justiça que pese embora os mais de quarenta anos do 25 de Abril, ainda são “bezerros de ouro” intocáveis que funcionam em grande medida em auto-gestão. Além do mais o “timing” da denúncia surge em pleno tempo pré-eleitoral o que constitui também uma arma de arremesso político por parte das forças da oposição que tratam logo de surfar o “fillet-mignon”, e assim bater à vontade no cadáver assim exposto com todo a arraial mediático, sem a devida serenidade que se impõe, como se o sistema público de saúde no Continente e nos Açores fosse um paradigma para a Madeira, tal é o desinvestimento e as cativações sucessivas do Sr. Centeno apoiado por toda a esquerda que aprova orçamentos de Estado desde 2015.

Não conheço o médico que partilha comigo o apelido homónimo, mas parece que não se livra do ressabiamento que por outras razões, comigo comunga. Faltou também discernimento à organização Sesaram quando mudou as fechaduras do local de trabalho deste profissional. (Provavelmente o mesmo tipo de fechadura usada pelo Governo Regional que tranca a divulgação do montante de dívida à Segurança Social ou o “planeamento fiscal” da Zona Franca da Madeira). Reconheço ao clínico frontalidade, mas também um poder de fogo desmesurado, pois, por muita razão que pensemos que nos assista - e certamente assiste-lhe alguma - há que ter alguma razoabilidade não apenas na substância, como também na forma. O alarme social gerado entre os utentes é preocupante, e pior do que um sistema “doente”, é a falta de confiança e o anátema que sobre ele possamos ter. A comissão de inquérito parlamentar entretanto desencadeada pela denúncia do Dr. Rafael Macedo tem tido a virtude de dar a oportunidade de outros clínicos, também exporem algumas fragilidades do sistema, pese embora algumas delas não constituírem propriamente uma novidade.

Vou dedicar estas últimas linhas aos imensos casos noticiados sobre a autêntica parasitação de amigos e familiares socialistas em destacados “tachos” do Estado. Desde o Funchal a toda a “frente nacional”, os socialistas seguem as pisadas das oligarquias quer do velho PSD-Madeira, ou do MPA angolano da recente era da família “dos Santos”. A candidata a eurodeputada pela Madeira indicada pelo PS, é apenas mais um triste exemplo da vacuidade que corrói a motivação de ir votar. O “socialismo endogâmico” e intestinal em que se especializou Costa, César e o Cafôfo no Funchal, é deveras assustador do que aí vem. Isto não é peta de 1 de Abril.