Madeira

Devolver o 25 de Abril aos cidadãos

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Simbólico ponto de encontro do Funchal ao longo das últimas décadas, o Café Apolo, recebeu esta manhã, aquilo que se poderia apelidar de ‘tertúlia de Abril’. O encontro – fruto da iniciativa de um grupo de cidadãos hoje reunidos no histórico Café – teve como objectivo a apresentação de um programa alternativo às comemorações dos 45 anos do 25 de Abril de 1974.

Bernardo Martins (ex-deputado e autarca), Teresa Nascimento (professora), Sandra Ascensão Nóbrega (directora do Teatro Municipal Baltazar Dias), Cristina Trindade (investigadora de História e professora), Francisco Oliveira (professor e coordenador do Sindicato dos Professores da Madeira), José Luís Rodrigues (padre), Nicolau Fernadez (jornalista) e Henrique Sampaio (jornalista e subscritor da ‘Carta a um Governador’) dão rosto a este projecto, que pretende “ir buscar a raiz do 25 de Abril”.

“O 25 de Abril quando é feito é fundamentalmente para bem dos cidadãos”, realça Bernardo Martins. Neste sentido, explica que esta iniciativa pretende assumir-se precisamente como uma comemoração de e para cidadãos, que não visa “competir” mas antes “complementar, sobretudo numa vertente cultural e histórica”, as comemorações de natureza institucional que se realizam usualmente na Região.

“É fundamental dar a conhecer o 25 de Abril e ampliar esse conhecimento, para além de obviamente homenagearmos aqueles que resistiram, no tempo da ditadura, ao poder que tirou a liberdade aos portugueses e negou a autonomia aos madeirenses”, sublinhou.

Por outro lado, refere que esta acção visa também “trazer o 25 de Abril para o lugar que ele merece”, associando-o às comemorações dos 600 anos do Descobrimento da Madeira e Porto Santo.

Relativamente ao programa, a iniciativa contempla três momentos, dois deles destinados ao público em geral e um outro direccionado para as crianças.

O primeiro momento, assinalado já no dia 16 de Março (dia do Levantamento das Caldas), no Palácio de São Lourenço, trata-se de uma conferência intitulada ‘Antecâmara de Abril: 50 anos da ‘Carta a um Governador’, que contará com os testemunhos de alguns dos subscritores do documento original (António Loja, Rui Nepomuceno e Henrique Sampaio), bem como de Amélia Carreira (contemporânea da resistência democrática madeirense e esposa do subscritor Fernando Rebelo).

Já no dia 3 de Abril, pelas 19 horas, terá lugar, no Auditório do Colégio dos Jesuítas, uma conferência sobre ‘Novas formas de precariedade no trabalho’, proferida por Raquel Varela. Para Cristina Trindade o assunto assume-me particular relevância, pois “algumas conquistas de Abril se têm vindo a perder”, nomeadamente a nível laboral.

Nos dias 24 e 25 de Abril, há que ‘trocar o 25 de Abril por miúdos’ para assim aproximar a revolução dos mais novos. Neste contexto serão dinamizadas, no Teatro Baltazar Dias, quatro sessões de actividades, (às 10 e às 15 horas de dia 23 e 24), em que crianças e pais são convidados a participar.