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ONU pede a Governo sírio para estar no país como incentivo ao regresso de refugiados

Alto-Comissário Filippo Grandi disse que “o regresso é uma questão de confiança”

Foto REUTERS/Omar Ibrahim
Foto REUTERS/Omar Ibrahim

O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados disse ontem que pediu ao Governo da Síria para que permita a presença do alto-comissariado em todas as zonas do país para incentivar o regresso dos refugiados.

Filippo Grandi falava à imprensa em Beirute, no final de uma visita de dois dias ao Líbano e depois de ter visitado um campo de refugiados perto de Tripoli (Líbia).

Para Grandi, a presença do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Síria “constituirá um elemento de confiança, e o regresso é uma questão de confiança”.

A agência da ONU está disponível para assessorar o Governo sírio em matérias como documentação, repatriamento e recuperação de casas, para “facilitar o regresso das pessoas”.

Durante a sua visita ao Líbano, na qual manteve encontros com responsáveis políticos, o alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados reafirmou o compromisso da agência da ONU que dirige para continuar a apoiar o Líbano e as comunidades que acolhem os refugiados sírios.

Depois da Turquia, o Líbano é o segundo país com mais refugiados sírios, ao todo quase um milhão.

Filippo Grandi reconheceu que a saída em massa de pessoas da cidade de Al Baguz, na fronteira da Síria com o Iraque e último refúgio da organização extremista Estado Islâmico, surpreendeu “todo o mundo”, incluindo o próprio Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Pelo menos 25 mil civis, a maioria mulheres e filhos dos combatentes do Estado Islâmico, foram retirados de Al Baguz desde 20 de fevereiro e transferidos para o campo de deslocados de Al Hol, uma área desértica a 300 quilómetros para norte da zona de combates. Neste campo estão 65 mil pessoas, de acordo com a ONU.

Os civis que saíram de Al Baguz refugiavam-se em trincheiras e na rede de túneis construída pelos ‘jihadistas’.

Apesar da situação difícil em que se encontram estas pessoas no campo de Al Hol, o alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, lembrou que elas “têm relação” com o Estado Islâmico, pelo que “não são refugiados tradicionais”.

“São pessoas que participaram em ações terroristas. Podemos dar ajuda humanitária a curto prazo, mas não nos compete decidir para onde enviá-las, a que país pertencem. Isso deve ser resolvido pelos Estados”, afirmou.