Turismo

São estrangeiros 98% dos clientes dos 'tuk tuk' na Madeira

Os minicarros de circuitos turísticos 'tuk tuk' surgiram, pela primeira vez, em Coimbra, mas foi em Lisboa que se expandiram, sendo depois levados para o Funchal, Porto e Tavira, entretanto há quem considere ser necessário regulamentar a atividade.

Foi numa viagem de trabalho à Tailândia que o mentor do projeto, Renato Ladeiro, descobriu os 'tuk tuk'."Andei num 'auto-rickshaw' e ficou ali a ideia" de trazer estes veículos para Portugal, explicou à agência Lusa.

Em novembro de 2010, Renato Ladeiro registou a marca 'tuk tuk' a título pessoal, conforme consta do 'site' do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, cedendo depois direitos à empresa que gere, a OdaBarca. E foi em Coimbra que começou a aventura destes veículos turísticos.

A OdaBarca também faz viagens à Figueira da Foz, a Penacova e à Mata do Buçaco.

Dados do Turismo de Portugal, disponíveis na internet, mostram que a região centro recebeu 2,3 milhões de hóspedes em 2014. Uma realidade diferente de Lisboa que contabilizou 4,9 milhões de hóspedes.

Na capital, a primeira empresa a usar estes microcarros foi a Tuk Tuk Lisboa, que surgiu em março de 2012.

"Pensei que esta seria uma maneira diferente de abordar Lisboa", afirmou o diretor-geral da empresa, Paulo Oliveira.

De início os clientes estrangeiros eram a maior percentagem, mas hoje também há muitos portugueses, apontou, justificando que estes circuitos são "objeto de desejo" e têm um "preço relativamente acessível". Uma viagem de uma hora custa 50 euros para seis pessoas.

Paulo Oliveira é também presidente da Associação Nacional de Empresário de Tuk Tuk (Astuk), que junta 12 empresas a operar em Lisboa.

O representante assinalou que circulam 60 a 70 'tuk tuk' legais na cidade, acrescentando que, devido à "tuktukomania", também há quem trabalhe sem alvará do Turismo de Portugal.

"Aí fazia falta ordenamento", considerou Paulo Oliveira, aludindo ao regulamento que a Câmara Municipal está a concluir e que prevê a criação de locais de estacionamento e a obrigatoriedade de licenciamento dos percursos.

O regulamento também poderia, a seu ver, evitar problemas com os taxistas, que veem estes microcarros como concorrência desleal, bem como travar as multas das autoridades por indevida utilização do espaço público.

Ainda assim, para Paulo Oliveira, o regulamento não deve "limitar" a atividade, já que estas empresas "promovem Lisboa além-mar".

Na Madeira "também há críticas [dos taxistas], mas foi pior no início" assinalou Carolina Santos, da Tuk Tuk Madeira, criada em julho de 2013 para percorrer o Funchal, Câmara de Lobos e o Cabo Girão.

"Tudo depende do cliente. Se o cliente quer uma viagem mais longa e com maior comodidade, vai de táxi, se está à procura de um 'tour' mais curto, com outra mobilidade e até melhor para tirar fotos, vai dentro de um 'tuk tuk'", exemplificou.

Segundo Carolina Santos, "98% dos clientes são estrangeiros" e têm vindo a aumentar, em grande parte devido ao movimento de passageiros de cruzeiros no Porto do Funchal que no 1.º trimestre cresceu 7,5%, face ao mesmo período do ano passado, equivalendo a uma afluência de 171.913 passageiros (mais 11.944), indica o 'site' dos Portos da Madeira.

No Porto, as reações ao surgimento dos 'tuk tuk' foram diferentes.

Alexandra Almeida, da Tuking People, indicou que ali "não há concorrência com os táxis" nem com outras empresas com veículos turísticos porque estes microcarros podem passar por "zonas mais estreitas e pequeninas", sendo vistos como como "um 'upgrade' do que as pessoas podem fazer".

A oferta prende-se com o crescimento do turismo na região. No ano passado, o Norte recebeu três milhões de hóspedes, número superior aos 1,1 milhões registados na Madeira.

O Algarve, onde também já chegaram os 'tuk tuk', recebeu 3,6 milhões de hóspedes.

Em julho de 2014 foi criada a Tuk Tuk Tavira. Dada a dimensão da cidade, "não se cria o conflito" com os táxis, pois estes últimos são mais usados para viagens entre o aeroporto de Faro e os hotéis, justificou Filipe Saleiro, um dos gerentes.