Turismo

Preços dos bilhetes de avião aumentam quase 500% na Venezuela

O preço dos bilhetes de avião comprados em  Caracas vão aumentar quase 500%, a partir de 1 de junho, anunciou hoje o  presidente executivo da Associação de Linhas Aéreas da Venezuela (ALAV),  Humberto Figueira.

O anúncio foi feito durante uma entrevista ao canal venezuelano de televisão,  'Venevisión', citando conversações entre o ministro venezuelano do Transporte  Marítimo e Aéreo, Hebert Garcia Plaza, e representantes de várias linhas  aéreas.

"O ministro Garcia Plaza anunciou, nas reuniões com responsáveis das  linhas aéreas, que a partir de 1 de julho se calcularão os bilhetes ao câmbio  de Sicad-2", disse em declarações ao canal de televisão venezuelano 'Venevisión'.

A Venezuela tem três cotações oficiais, a primeira delas, a de 6,30  bolívares (bs) por cada dólar norte-americano, reservada para a importação  de produtos essenciais como medicamentos e alimentos, dependendo as outras  duas cotações do valor variável de leilões do Sistema Complementar de Administração  de Divisas - Sicad.

Até agora, a cotação usada para o pagamento de viagens e atividades  relacionadas com o turismo era a do Sicad-1, que nas últimas semanas se  manteve estável em 10,00 Bs por cada dólar norte-americano, enquanto que  o Sicad-2 hoje estava a 49,98.

Segundo Humberto Figueira, a mudança da cotação permitirá às linhas  aéreas vender bilhetes a quase 50,00 bs por dólar, "mas se vão receber com  regularidade as suas divisas isto poderá ser muito benéfico para o custo  final do bilhete, porque poderão abrir inventários e ao haver mais lugares,  baixar os preços".

"Hoje em dia alguns preços estão elevados porque não há suficientes  lugares no mercado e porque as linhas aéreas têm um custo financeiro muito  elevado, referente a todo o dinheiro que têm que pagar à casa matriz para  manter as suas operações na Venezuela", disse.

Na Venezuela está em vigor, desde 2003, um apertado sistema de controlo  cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país e obriga  as companhias aéreas a terem autorização para poderem repatriar os capitais  gerados pelas operações.

O Governo da Venezuela deve quatro mil milhões de dólares (2,94 mil  milhões de euros) às companhias aéreas internacionais por repatriação dos  capitais e lucros correspondentes às vendas de bilhetes aéreos desde 2012,  que tem sido dificultada pelas leis cambiais vigentes.

As dificuldades levaram a Air Canadá e a Alitalia a suspenderem, recentemente,  os voos para Caracas, enquanto a Lufthansa decidiu suspender a venda de  novos bilhetes.

Hoje o ministro venezuelano de Economia, Finanças e Banca Pública, Rodolfo  Marco Torres anunciou que a Venezuela concretizou o pagamento de dívidas  às linhas aéreas, correspondentes às vendas dos anos 2012 e 2013, à AeroMéxico,  Insel Air, Tame Equador Aruba Airlines, Avianca e Lacsa-Taca.

A ALAV estima que na próxima semana grandes empresas como a Air France  e a American Airlines poderão receber o valor das dívidas, à cotação de  Sicad-1 (10,00 bs por dólar).

Segundo a Associação de Companhias Aéreas da Venezuela, 11 das 26 transportadoras  que voam para Caracas reduziram, desde janeiro, a oferta de lugares e a  frequência dos voos, nalguns casos até aos quase 80%, devido à impossibilidade  de repatriar os capitais correspondentes às vendas.