Turismo

Estudo do peso do turismo no PIB à espera do IDR

Projecto da AICA e de investigadores da Universidade de Aveiro espera por 200 mil € há 2 anos

A Associação de Investigação Científica do Atlântico (AICA) e um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro têm preparado um projecto de investigação que será pioneiro no país e que visa quantificar com rigor o peso do Turismo no PIB regional e criar um plano estratégico para o desenvolvimento do turismo na Madeira.João Lemos, presidente da AICA, revelou ao DIÁRIO que o projecto está concretizado há já algum tempo, está avaliado na ordem dos 200 mil euros, sendo suportado em 25% pela AICA e o restante co-financiado de acordo com as regras da União Europeia que deverá disponibilizar parte dos fundos estruturais."Esse projecto foi elaborado pela AICA e por investigadores da Universidade de Aveiro e aguarda aprovação há dois anos", referiu. Só não avançou ainda porque aguarda 'luz verde' do Instituto de Desenvolvimento Regional (IDR) que está a analisar o enquadramento e as fontes de financiamento disponíveis."É um projecto muito interessante que, ao ser concretizado na Madeira, seria o primeiro no país. Nenhuma região do país fez ainda hoje o estudo do impacto do turismo em termos qualitativos e quantitativos, nem tão pouco tem planos estratégicos para o turismo a curto, médio e longo prazo", sublinhou o professor e investigador.Enquanto aguarda o resultado, João Lemos já conversou com a ACIF no sentido de estabelecer uma parceria. "A AICA é uma associação sem fins lucrativos, sem sede própria e, apesar de já existir há seis anos, somos uma instituição autónoma que não está vinculada ao governo nem a nenhuma outra instituição", explicou. Daí que tenha procurado a parceria da ACIF estando em negociação um protocolo tendo em vista a obtenção de apoios para o projecto.João Lemos falava ao DIÁRIO à margem da conferência sobre a importância do turismo no desenvolvimento sustentável das áreas rurais na Madeira (vide destaque).Questionado sobre a revelação de Manuel António Correia na última Conferência Anual do Turismo - criação de uma reserva regional de Surf e a recuperação das ondas afectadas pelas obras no litoral - em contra-ciclo com aquilo que tem defendido o governo regional, João Lemos apoia mas faz de São Tomé: só acredita vendo.Disse que é preciso acabar com o preconceito de que a Madeira é uma região turística para a terceira idade."Nós temos que pensar nos jovens, temos de criar produtos, ou seja, infra-estruturas ao nível do litoral onde realmente ainda temos potencialidades na área dos desportos marítimos e nas montanhas para dinamizar os desportos radicais", referiu, considerando que assim estariam reunidas condições para que a Madeira fosse mais do que um destino para o turismo sénior.Agroturismo está "desaproveitado"João Lemos considera que o agroturismo na Madeira está "desaproveitado" e defendeu que essa seria uma modalidade alternativa para dinamizar o turismo no mundo rural e para descentralizar a oferta turística na Região."A Madeira sempre foi uma região agrícola e nós só temos duas unidades de agroturismo: uma aqui no Monte, curiosamente no Funchal e outra no Santo da Serra", apontou o professor de geografia e presidente da AICA, que foi ontem o orador da conferência 'A Importância do Turismo no Desenvolvimento Sustentável das Áreas Rurais', integrada na XV Semana dos Clubes e Projectos da Escola Secundária Jaime Moniz.Deu como exemplo o concelho de Santana, cuja orografia plana de terras aráveis oferece enormes potencialidades para a promoção deste segmento. "Eu acho que o agroturismo seria uma das modalidades do turismo em espaço rural que está desaproveitado", transmitiu aos alunos presentes.João Lemos diz que o Governo Regional terá de encontrar apoios junto da UE no sentido de dinamizar o turismo fora do Funchal e conseguir uma oferta mais diversificada que não deixe o destino Madeira dependente apenas do turismo sénior. O agroturismo e o turismo de habitação rural são, considera, apostas com futuro. "Há imóveis antigos que estão a cair aos bocados e que poderiam ser recuperados e transformados em espaços turísticos".João Lemos tem defendido há mais de 16 anos a necessidade de descentralizar o alojamento turístico. Actualmente o Funchal tem 20 mil das 29 mil camas da Região. A lição que deixa aos alunos é a necessidade de apostar fortemente no turismo rural como alternativa ao turismo urbano e potenciar essa oferta no exterior: "aquilo que melhor a Madeira ainda tem e melhor preserva".