Madeira

Miguel Albuquerque vai socorrer os viticultores se for preciso

No próximo ano o Governo Regional vai apoiar os factores de produção para os viticultores e para os agricultores em geral, revelou o presidente hoje na Festa das Vindimas

Miguel Albuquerque acompanhou de perto o cortejo etnográfico.   Foto Rio Silva/Aspress Ver Galeria
Miguel Albuquerque acompanhou de perto o cortejo etnográfico. Foto Rio Silva/Aspress

Miguel Albuquerque garantiu que se não houver escoamento este ano, o Governo Regional vai apoiar os viticultores e acrescentou que no próximo ano, vão apoiá-los também relativamente aos factores de produção, ou seja aos elementos indispensáveis ao processo produtivo, não apenas para os viticultores, mas para os agricultores da Região. “É um contributo para o incentivo e para uma melhor rentabilidade dos produtores”, justificou o presidente do Governo, que foi ao Estreito provar as uvas e ver o cortejo etnográfico.

Ainda não era hora do almoço e já o líder do executivo tinha provado o vinho, as uvas e a pota assada, convivendo de perto com a multidão. Viu desfilar os cestos carregados, viu os borracheiros com os seus borrachos, as bordadeiras, os bailinhos e os trajes e quadros que compõem esta festa popular e que saíram à rua numa manhã de sol. Largas centenas juntaram-se para assistir como Albuquerque a este ponto alto da Festa das Vindimas, a marcar presença no Estreito de Câmara de Lobos até amanhã.

“Quando há menos safra, a qualidade do vinho é melhor”, recordou Albuquerque, confiante que a quebra na produção, que pode ir a 30% em relação à vindima de 2017 poderá ter um aspecto positivo. “Estamos convictos que vai correr bem”, afirmou.

Este ano há novamente medidas de apoio garantidas pelo executivo. “Não sei se vai ser preciso se não houver escoamento, mas vamos apoiar, como é de costume”, assegurou.

No ano passado o Vinho Madeira teve dos melhores resultados de sempre, destacou o presidente. 19,4 milhões de euros em vendas.

Sobre a diminuição da área agrícola, criticada por alguma oposição, o presidente desvaloriza. “Os activos na agricultura podem diminuir, mas o que é fundamental perceber é que há uma nova vaga de profissionais e empresários da agricultura que trabalha hoje de uma maneira diferente e os resultados apontam para isso”. Novas metodologias tiram maior produção e rentabilidade, disse. E apresentou os números: em 2017, o rendimento ilíquido da agricultura foi 114 milhões de euros, e o rendimento líquido foi 61 milhões, o que segundo Miguel Albuquerque prova que o rendimento da agricultura está a subir. “A produção tem aumentado e a rentabilidade tem aumentado, porque antigamente você tinha uma coisa que era a agricultura mínima de subsistência, isso para mim não me interessa, uma pessoa estar a viver de forma precária. Agora a agricultura enquanto complemento de rendimento das famílias é essencial hoje, da mesma forma que a profissionalização e a introdução de novas técnicas de produção são fundamentais”.

Humberto Vasconcelos estima que as quebras sejam de 30% nas uvas produzidas na Região. Equivale a menos 1.000 toneladas do que no ano anterior, contabilizou. “3.600, 3.500 toneladas, poderá andar nesses valores. E pensamos que o Norte terá uma quebra maior do que aqui, Câmara de Lobos.” Segundo o secretário regional da Agricultura e Pescas, há outro factor a entrar nesta equação de subtrair. Além de menos quantidade, devido às condições climatéricas, o amadurecimento das uvas está atrasado, o grau não está ainda comprometido, mas as vindimas far-se-ão até mais tarde, o que acresce em termos de risco. “Elas já se iniciaram, a abertura das casas já aconteceu, mas a vindima vai até Outubro com a apanha de uvas, porque ela ainda está um pouco verde nesta fase. Se o tempo, se não houver alterações atmosféricas, as uvas manter-se-ão com alguma qualidade. Claro que se o tempo se deteriorar, poderá haver perda ainda maior. Esperamos é que corra tudo dentro do normal”. De qualquer das formas, os viticultores podem estar descansados. “O escoamento estará sempre garantido pelas casas e se houver alguma questão, o Governo intervirá sempre positivamente”, garantiu também Humberto Vasconcelos.

Quando dois terços da vindima estiverem feitas, nessa altura o Governo Regional poderá fazer um ponto da situação e apurar se tem ou não de intervir para compensar os viticultores por eventuais perdas. Nós o que fazemos é um acompanhamento diário no terreno, na apanha e vamos tendo diariamente os números e vamo-nos apercebendo, face às estimativas dos anos anteriores, o que é que ainda está no terreno e vamos trabalhando com as casas e acomodando todos os viticultores com todas as casas”, explicou.

O preço varia consoante a casta e o grau (teor de açúcar). O secretário estima que o valor andará à volta de um euro, 1,10 euros para a Tinta Negra, também chamada Negra Mole. As castas Sercial e Verdelho valem muito mais.

No cortejo participaram cerca de 800 figurantes, a maior parte do Estreito e arredores. A festa envolve cerca de mil pessoas, tudo para promover as vindimas no Estreito, uma tradição secular.

A festa continua com animação e comes e bebes ainda hoje e amanhã.