Madeira

Anestesiologia no “limite do governável”

Pedro Ramos promete um ano melhor em relação ao de 2017

Eugénio Mendonça (de pé) gostaria de ver mais notícias positivas sobre o SESARAM.   Foto DR
Eugénio Mendonça (de pé) gostaria de ver mais notícias positivas sobre o SESARAM. Foto DR

O quadro humano do Serviço de Anestesia do SESARAM está a atingir “o limite do governável”, afirmou esta manhã Eugénio Mendonça, referindo que as culpas “seguramente não são só oficiais, são também próprias de um sistema europeu que tem de facto uma falha notória nesta área de especialidade médica”. O director de serviço de Anestesiologia do SESARAM pediu condições para trabalhar e apoio das entidades oficiais, tendo particularizado, referindo a necessidade de monitorização atenta, standard, em todas as salas de parto para dar dignidade e segurança no acto de analgia de parto.

“Eu gostaria que também houvesse notícias que falam do SESARAM pela positiva. (...) Nós sabemos que algumas até têm uma ponta de verdade, mas há de facto um exagero e nós que trabalhamos todos os dias cá dentro sabemos que não é assim tão mau. Preciso que as entidades oficiais se preocupem connosco, falam obras, nos dêem as coisas necessárias para executar as tarefas com segurança”, disse na abertura de uma conferência integrada nas comemorações do 20º aniversário da Analgesia de Parto na Madeira.

Regina Rodrigues, directora clínica actual, referiu igualmente a “elevada carência de recursos humanos no serviço”, que obriga a que os procedimentos na sala de parto sejam por vezes realizados pela equipa de urgência.

Pedro Ramos esteve presente e deixou uma janela de esperança para 2018, como novas contratações e melhores condições. O secretário regional da Saúde reconheceu a falta de anestesistas e a ginástica que os que lá estão fazem para assegurar o serviço.

“2017 foi um no muito difícil”, assumiu o secretário, que fez o ‘mea culpa’ para referir que não conseguiram dar as condições ideais. Ainda assim, nem tudo foi negativo: num ano em que “a saúde esteve sub-orçamentada, acho que todos nós fizemos o máximo e procurámos dar o máximo”.

“2018 será um ano muito melhor no que diz respeito ao orçamento, no que diz respeito às contratualizações, no que diz respeito à tecnologia, ao equipamento”, prometeu o governante com a pasta da Saúde, perante uma plateia de médicos e enfermeiros. E pegou nos números para mostrar a melhoria esperada: 11 milhões de euros (ME) na rúbrica investimento, para gastar; 35,7 milhões para medicamentos, em vez dos 29 ME do ano passado, e 226,5 ME no orçamento, superior aos 206 ME de 2017.

Pedro Ramos anunciou ainda a intenção de ceder na regionalização do Serviço de Saúde para ganhar vantagens através do Serviço Nacional de Saúde. Recentemente reuniu no Infarmed para tentar resolver questões que actualmente mantêm a saúde regional ainda um pouco afastada. “Temos de pensa de maneira diferente, temos de estar integrado no SNS e beneficiar de todas as estratégias que são introduzidas no SNS, temos de adoptar e adaptar e não ficar reféns, como no caso dos doentes da Hepatite C que quase não conseguíamos as mesmas benesses que estavam a ser criadas no SNC por causa da regionalização”.

Sobre a greve anunciada pelos enfermeiros para 22 e 23 de Março, o secretário da Saúde prometeu estar atento.