Madeira

59 trabalhadores morreram na Construção Civil nos últimos 15 anos na Madeira

Sector representa 60% do total de mortes laborais na Região

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O sector da Construção Civil foi o que registou um maior número de mortes laborais na Madeira. Nos últimos 15 anos, 59 operários morreram no local de trabalho. O sector representa 60% do total de mortes laborais, de acordo com os dados da Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM) que disponibiliza hoje, pela primeira vez no seu portal, dados sobre os acidentes de trabalho ocorridos de 2000 a 2015.

Em termos de evolução, verifica-se que os acidentes de trabalho decresceram a uma média anual de 0,9%, atingido o seu máximo em 2005, com um total de 4.196 acidentes e o mínimo em 2013, com 3.224 acidentes.

O período de 2009 a 2013 é marcado por sucessivas quebras, a uma média anual de 5%. Em 2014 há uma inversão da tendência, onde o número de acidentes sobe, ascendendo a 3.547 ocorrências. No entanto em 2015 volta a cair, para os 3 488 acidentes ( 1,7% que no ano anterior).

Os acidentes de trabalho observados no período foram maioritariamente não mortais, acima dos 99% do total registado, em todos os anos da série. Foram nos anos de 2003 e 2004 que ocorreram mais acidentes mortais, contabilizando-se 18 e 14 ocorrências, respectivamente, sendo a maioria registada no sector da “Construção” (13 em 2003 e 10 em 2004).

Até 2008, cerca de uma terça parte dos acidentes ocorreram no sector da “Construção”. A partir de 2009 este tipo de ocorrências perdeu expressão, sendo que em 2015 a proporção de acidentes neste sector atinge o seu mínimo (14,3%).

Os sectores do “Comércio”, do “Alojamento e restauração” e da “Indústria transformadora” foram aqueles com maior concentração de acidentes, representado, em 2015, respectivamente, 16,0%, 15,9% e 6,9% dos acidentes. Nos últimos 4 anos, o número de acidentes de trabalho no sector “Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória” tem vindo a aumentar, representando, em 2015, 9,4% do total.

Analisando a distribuição dos acidentes de trabalho por sexo, observa-se que a maioria dos acidentes ocorreu com homens (77,5% de média anual para o período 2000-2015). A percentagem de sinistrados masculinos mais baixa foi registada em 2015 (66,7%).

Tendo em conta as idades dos sinistrados, na maioria dos acidentes as pessoas envolvidas tinham entre 25 e 44 anos de idade (55,5%, média anula no período 2000-2015).

Os grupos profissionais dos “Trabalhadores dos serviços pessoais, protecção e segurança e vendedores” e “Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices” foram os que registaram maior número de sinistrados em 2014 e 2015.

No que respeita ao tipo de local do acidente, a grande maioria ocorreu em “Estaleiro, construção, pedreira, mina a céu aberto” (1.005 acidentes em média anual nos anos 2000-2015) e em “Local de actividade terciária, escritório, entretenimento, diversos” (904 acidentes). A origem da maioria dos acidentes foi o “Movimento do corpo sujeito a constrangimento físico”, representando, em 2015, 34,5% dos acidentes, lê-se nas conclusões da análise estatística.

Os principais acontecimentos geradores directos da lesão dos sinistrados foram “Constrangimento físico do corpo, constrangimento psíquico” e “Esmagamento em movimento vertical ou horizontal sobre/contra objecto imóvel”, apresentando, em 2015, 58,3% dos acidentes.

Analisando as consequências dos acidentes, constata-se que as “Feridas e lesões superficiais” e as “Deslocações, entorses e distensões” foram as lesões que mais se evidenciaram nos acidentes, representando, em 2015, 39,7% e 40,6%, respectivamente. Desde 2005, mais de metade dos acidentes atingiram as “Extremidades superiores” ou as “Extremidades inferiores” (em 2015, 32,7% e 26,2% respectivamente).

Relativamente ao número de dias de ausência do trabalho, aproximadamente um terço dos acidentes não mortais (31,1% média anual do período 2000-2015) não implicou qualquer ausência ao trabalho, representando esta situação, em 2015, 38,6% dos acidentes. Entre os restantes, destaca-se o intervalo 7 a 13 dias de ausência que foi a consequência, em 2015, 13,7% do total de acidentes não mortais (17,2% em média nos anos 2000-2015).

O maior número de dias de trabalho perdidos por motivo de acidente de trabalho ocorreu em 2006 (129 646 dias de trabalho perdido). Este indicador, em 2015, atingiu o valor de 98 217 dias de trabalho.