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Maioria dos analistas estima que Moody’s mantenha ‘rating’ de Portugal

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Dois de três analistas ouvidos pela Lusa estimam que a Moody’s deverá manter o ‘rating’ de Portugal esta sexta-feira, mas Filipe Garcia, da IMF, afirmou que “faria todo o sentido” uma revisão em alta da notação.

David Silva, analista da corretora Infinox, disse à Lusa que, “apesar de Portugal ter registado uma melhoria económica nos últimos meses, o ‘rating’ português deverá manter-se, dado que o panorama de possível abrandamento económico não favorece a economia portuguesa, que regista uma perspetiva de crescimento de 1.4% até 2024 segundo o FMI [Fundo Monetário Internacional]”.

“O atual momento da economia global não irá favorecer a economia portuguesa, pelo que o crescimento económico em Portugal deverá estagnar, o que não justificará uma maior confiança na economia e melhoria do ‘rating’”, afirmou David Silva.

A Moody’s deverá pronunciar-se esta sexta-feira sobre a notação financeira da dívida portuguesa, sendo atualmente o ‘rating’ de ‘Baa3’, um nível acima do ‘lixo’.

Também Gonçalo Caeiro, ‘account manager’ da corretora XTB, considerou que, “de acordo com os dados reportados, até ao momento, a (...) perspetiva é que a Moody’s mantenha o ‘rating’ de Portugal, tendo a mesma posição de fevereiro do corrente ano”.

O analista da XTB considera que o principal indicador tido em conta é “o nível da dívida pública”, e que, apesar de haver “claramente uma melhoria nos últimos três anos, contudo ainda se encontrava no nível de 121,5% (de acordo com dados reportados pela Pordata) no final do ano de 2018. Já no corrente ano esse rácio aumentou para 123%, no primeiro trimestre, de acordo com o Eurostat”, o que não favorece uma revisão em alta do ‘rating’.

Por outro lado, Filipe Garcia, da IMF (Informação de Mercados Financeiros), considerou que a subida do ‘rating’ por parte da agência de notação financeira “faria todo o sentido, até porque desde a última vez que a Moody’s se pronunciou sobre a dívida portuguesa aconteceram algumas coisas, nomeadamente a queda a pique dos juros da dívida portuguesa”.

O analista da IMF lembra ainda “uma série de operações de refinanciamento feitas pelo IGCP [Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública] que permitiram alargar a maturidade da dívida e diminuir o custo médio da dívida”.

Em termos de perspetiva, David Silva considerou que “o atual momento económico poderá revelar alguma cautela por parte da agência de ‘rating’ e não favorecer a avaliação da dívida portuguesa, mantendo também a sua perspetiva em estável”.

Já Gonçalo Caeiro afirmou que “fazer uma reavaliação da perspetiva da dívida pública parece óbvia na medida em que o Governo apontava para uma redução até ao final de 2019 para 118,8%, afastando-se assim deste objetivo, no primeiro trimestre”.

Filipe Garcia considera que a perspetiva deverá ser “estável”, apesar de haver “alguns riscos para o ‘outlook’ futuro da dívida portuguesa”, como a guerra comercial, a desaceleração na zona euro e as eleições legislativas de outubro.

Questionados sobre a recente avaliação em alta do ‘rating’ dos bancos, Filipe Garcia considerou que “é um sinal” positivo, mas David Silva afirmou que o ‘rating’ “terá o momento económico mundial e outros fatores em consideração”, e Gonçalo Caeiro disse que “não será suficiente” para subir a notação.

Em 15 de fevereiro, a Moody’s não se pronunciou sobre o ‘rating’ atribuído a Portugal, mantendo a dívida pública portuguesa com uma nota de ‘Baa3’ e uma perspetiva estável.

Desde 12 de outubro de 2018 que a Moody’s tem uma nota de ‘Baa3’ para a dívida soberana de Portugal, com uma perspetiva estável, tendo sido a última agência de ‘rating’ a retirar Portugal de um grau de especulação ou ‘lixo’, quando já a Standard & Poor’s (S&P), a Fitch e a DBRS tinham colocado o país no patamar de investimento.