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Governo admite que problema das altas sociais é um “enorme desafio”

Foto Lusa
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O secretário de Estado da Saúde considerou hoje “um enorme desafio” o problema dos idosos que permanecem nos hospitais por razões sociais e defendeu que a rede de cuidados continuados tem vindo a responder adequadamente, mas ainda pode melhorar.

António Lacerda Sales comentava, na conferência de imprensa diária sobre a covid-19, os dados divulgados pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), segundo os quais mais de 1.500 camas dos hospitais públicos estão ocupadas com pessoas que já tiveram alta, mas que se mantêm internadas por falta de resposta extra-hospitalar, correspondendo a 8,7% dos internamentos.

Ressalvando que o problema das altas sociais “não é só de agora” e que preocupa as autoridades “há bastante tempo”, o governante afirmou que “continuamente” conversam com os respetivos presidentes e conselhos de administração das diferentes instituições para perceber a realidade de cada uma.

“É natural que [o problema] se possa ter agudizado um pouco com esta questão do surto epidémico e para o qual tentamos sempre encontrar respostas nas diferentes tipologias que sejam respostas sociais”, sublinhou.

Analisando apenas os internamentos dos doentes com covid-19, o Barómetro do Internamentos Sociais da APAH concluiu que do total dos 810 internamentos, 147 eram doentes que não necessitavam de estar internados por razões de saúde, representando cerca de 18% do total de internados.

Para o secretário de Estado da Saúde, esta situação representa “um enorme desafio” para “o planeamento de políticas sociais e que tem a ver com solidariedade e dignidade humana e que são as manifestas e reais dificuldades quer ao nível social quer ao nível familiar quer ao nível da habitação”.

Nesse sentido, defendeu, “serão com certeza sempre necessárias mais políticas e melhores políticas sociais quer de apoio aos familiares que de apoio aos idosos”.

Considerou ainda que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados tem respondido de “uma forma adequada”, mas reconheceu que podem “sempre melhorar”, uma vez que é um processo contínuo de melhoria gradual.

“Temos neste momento uma cobertura de 64% dispersa pelas diferentes regiões, temos alargado estas respostas. Este ano foram autorizadas já cerca de 570 mil camas para uma meta até ao final do ano de cerca de 800 camas. Parece que é significativo e melhorará de uma forma significativa a nossa resposta”, salientou.

Mas, admitiu, esta situação “preocupa, porque quanto mais tempo estão internados estes doentes idosos maior possibilidade têm de fazer infeções”, nomeadamente hospitalares, e de deteriorar o seu estado de saúde.

Por ser “uma matéria que nos preocupa muito, até pelo constrangimento maior que nos provoca em termos de procura de camas, estamos a trabalhar quer com a Segurança Social quer com o Terceiro Setor [social] para podermos agilizar este processo”, adiantou.

António Lacerda Sales destacou ainda os dados do barómetro que refletem uma maior referenciação de doentes para rede nacional de cuidados continuados e que o tempo que aguardam para essa referenciação também é menor.

No seu entender, são “dois bons indicadores a reforçar no futuro e que dão confiança” para poderem “melhorar em conjunto com a Segurança Social e com o Terceiro Setor”.

Portugal regista hoje 1.330 mortes relacionadas com a covid-19, mais 14 do que no domingo, e 30.788 infetados, mais 165, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde, que indica que há 17.822 pessoas já recuperadas.

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