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Estudantes dos Açores no continente abdicam de regressar à Região

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Algumas centenas de estudantes dos Açores colocados em universidades do país optaram por não regressar aos Açores, para “proteger as famílias” da pandemia da Covid-19, que regista apenas um caso no arquipélago, declararam alguns alunos à agência Lusa.

Bárbara Jasmins, natural da Lagoa, na ilha de São Miguel, e estudante na Faculdade de Belas Artes, em Lisboa, afirma que a ansiedade ditada pela distância familiar “tem sido controlada na esperança” de que o seu ato e dos colegas açorianos “tenha o efeito de abrandar a pandemia”, defendendo a jovem o encerramento dos aeroportos.

Para a estudante de Belas Artes, o amor pela família e a “necessidade de a protecção daqueles que mais se gosta controla essa angústia de não poder estar junto deles neste momento tão difícil”.

Bárbara Jasmins tem ocupado o seu tempo a canalizar o que sente no seu projecto artístico e, com os “poucos recursos” disponíveis em casa, tenciona “fazer uma obra em homenagem” à atitude dos colegas dos Açores.

Tal como a jovem, vários estudantes açorianos têm-se multiplicado em apelos para impedir o regresso em massa dos estudantes aos Açores.

Raquel Andrade, natural da ilha Terceira, fez por exemplo um pedido nesse sentido nas redes sociais, num texto que regista, até ao momento, mais de três mil ‘likes’ (gostos).

A jovem estudante criou mesmo um grupo, com voluntários, de apoio às pessoas que estão em casa em quarentena, com recurso a informação e vídeos sobre a pandemia.

Francisco Teles Medeiros, no terceiro ano do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, também natural da Lagoa, declara que não está ansioso e sente-se “bem por ficar no continente”, sabendo que não está “a contribuir, de qualquer forma, para a propagação do vírus”, para a sua família e conterrâneos.

O jovem estudante considera que “suspender as autorizações para os navios atracarem foi bem decidido” e “deviam ter tomado também a decisão de limitar o tráfego aéreo na mesma altura”, fechando os aeroportos da região.

Na sua opinião, deveria haver uma excepção apenas para emergências médicas, como a deslocação de pessoal médico e equipamentos médicos”, o que “garantiria que essas cadeias de propagação fossem eliminadas”.

Para Henrique Medeiros, estudante de medicina em Coimbra, natural de Ponta Delgada, “é importante seleccionar a informação que se obtém” e “ler apenas a informação partilhada por fontes fidedignas”.

A ansiedade da distância é combatida a comunicar com outras pessoas, como antigos colegas de casa, e por mensagens e videochamada com amigos e familiares.

Para Henrique Medeiros, deve ficar “claro na consciência das pessoas de que situações como estas podem voltar a acontecer” e que se deve “ter educação para saber como agir de forma mais eficiente em futuros casos semelhantes”.

Rita Valério Raposo, natural de Ponta Delgada, a frequentar o mestrado em Turismo, da Universidade Lusófona, considera que “não é fácil gerir a ansiedade”, mas “há sempre a possibilidade de fazer videochamada” com os seus familiares, com “mais frequência do que o costume”, o que “é sempre uma forma de distrair e matar algumas saudades”.

Na segunda-feira, o Governo dos Açores tinha definido o aeroporto de Ponta Delgada como o único da operação da Azores Airlines - que opera de e para fora da região -, em virtude do surto de Covid-19.

O Governo dos Açores anunciou também a suspensão do contrato de ligações aéreas de “todas as ilhas dos Açores” para a Terceira “e desta para todas as outras ilhas” da região.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infectou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram.

Das pessoas infectadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infecção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.

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