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Empresários da noite com grupo de trabalho para encontrar soluções para reabertura

Foto Maria João Gala / Global Imagens
Foto Maria João Gala / Global Imagens

Os empresários da animação noturna constituíram um grupo de trabalho para apresentar soluções à Direção-Geral da Saúde e ao Governo, tendo em vista a abertura do setor “com toda a segurança”, no âmbito da pandemia da covid-19.

Na quinta-feira, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, o primeiro-ministro foi questionado sobre se já haveria uma data previsível para a abertura de discotecas, respondendo que ainda não, uma vez que é impossível reabrir atividades em que o afastamento físico não é possível.

“Este processo de recuperação da nossa liberdade é essencial prosseguir sem incidentes e para isso acontecer é fundamental que todos cumpram as regras e que ninguém relaxe a achar que o pior já passou”, advertiu António Costa, acrescentando que “não há discotecas com afastamento físico” e condenando qualquer tipo de discoteca informal: “não podemos inventar discotecas”.

Em declarações à Lusa, Pedro Vieira, que integra o grupo de trabalho que reúne empresários de vários pontos do país, explicou que, juntamente com a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares (AHRESP), estão a ser trabalhadas soluções e sugestões para apresentar à DGS e ao Governo, de forma a permitir a reabertura destes espaços.

“Queremos, acima de tudo, ter um tratamento igual aos restantes. Se a restauração está a trabalhar também queríamos, de acordo com determinadas especificações. Podemos dar sugestões, mas temos consciência de que quem sabe mais do assunto é a DGS”, afirmou.

Pedro Vieira relembrou que o setor já apresentou uma primeira proposta, que não reunia as condições e, como tal, já está a ser trabalhado um outro documento, esperando depois ‘feed-back’ do Governo para “avaliar as propostas e estreitar soluções”.

“Podemos achar que já temos as condições, mas cabe à DGS definir como é que temos de canalizar as forças para reabrir de forma a que não inviabilize o nosso negócio. É nesse sentido que estamos a trabalhar”, acrescentou.

Já para Miguel Camões, da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto, existem estabelecimentos “com condições para abrir”, salientando que “há aqueles que já funcionam de uma forma que lhes permitiria a reabertura, enquanto outros têm capacidade para se adaptar a medidas muito idênticas às dos restaurantes e cafés”.

“Passa também por compreender que estes espaços não são todos iguais, têm realidades diferentes”, disse Miguel Camões, acrescentando que o setor “compreende que não podem abrir todos ao mesmo tempo”.

Enquanto as discotecas não têm data de reabertura definida, estando encerradas desde a declaração do estado de emergência, em março, têm proliferado, um pouco por todo o país, várias festas que, em atual estado de calamidade, são proibidas pelo facto de serem considerados ajuntamentos com um número superior ao permitido pela lei em vigor.

“Sabemos que há problemas de ordem pública. Essas festas acontecem ao arrepio da lei em vigor relativamente aos ajuntamentos. Por outro lado, há um problema de saúde pública que pode levar à disseminação [da doença], ou seja, aquilo que não queremos que aconteça e que estamos a evitar que aconteça”, apontou Pedro Vieira.

Lembrou ainda que o facto de não haver uma previsão para a reabertura, “em legalidade e segurança, em nada ajuda a apaziguar as pessoas”.

“Uma coisa é dizer a alguém ‘tenham calma que daqui a três semanas, um mês, pode haver uma perspetiva de voltarmos a fazer isto em segurança e legalidade’ e se calhar as pessoas vão ponderar. Não havendo espaço temporal torna-se mais difícil, sobretudo para as idades mais jovens”, reconheceu.

Também Miguel Camões avançou à Lusa terem chegado ao seu conhecimento a realização de “bastantes festas de norte a sul do país, algumas com carater de organização mais séria com entradas cobradas”.

“Para nós, isso constitui um risco ainda maior por serem desprovidas de segurança a todos os níveis. Não só de concentração de pessoas, mas de tudo e também temos conhecimento de consumo de álcool nas praças públicas”, sublinhou.

Portugal contabiliza pelo menos 1.455 mortos associados à covid-19 em 33.592 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado na quinta-feira.

Relativamente ao dia anterior, há mais oito mortos (+0,6%) e mais 331 casos de infeção (+1%).

O número de pessoas hospitalizadas subiu 428 para 445, das quais 58 se encontram em unidades de cuidados intensivos (mais duas).

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