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Alto Minho pede activação do Plano de Emergência para travar infecção nos lares

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O presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil de Viana do Castelo pediu hoje ao Governo a activação do Plano Distrital de Emergência para combater a covid-19 nos lares da região, com um terço dos 2.328 idosos residentes infectados.

“No distrito de Viana do Castelo existem 64 instituições, com 2.328 idosos residentes. Neste momento, um terço destes utentes e dos funcionários que lá trabalham são casos positivos de covid-19. Era necessário darmos um novo impulso para resolver os problemas que têm vindo a público, nomeadamente, quanto ao acolhimento de idosos que estando infectados não apresentam sintomas”, explicou Miguel Alves.

Em declarações à agência Lusa, o socialista, que também preside à Câmara de Caminha, explicou que a activação do Plano Distrital de Emergência foi decidida hoje de manhã, numa reunião da Comissão Distrital de Protecção Civil, e discutido à tarde numa reunião da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.

Miguel Alves adiantou que a resposta do Governo deverá chegar ainda hoje ou na quarta-feira, sendo que, entretanto, “está a ser trabalhada a abertura, até final da semana, de um lar de retaguarda, com 50 camas, na Pousada da Juventude de Viana do Castelo para apoiar instituições de idosos do distrito que não tenham condições para isolar idosos infectados, mas sem sintomas da doença, ou recursos para garantir o seu acompanhamento”.

“Nos últimos dias, conhecemos várias histórias no distrito de pedidos de ajuda por parte de instituições para comodar idosos infectados, mas sem sintomas, isolando-os dos outros. A solução não estava a ser encontrada. Havia aqui limites institucionais, alguns desencontros de ideias e, era necessário criar uma nova coordenação”, sustentou.

Miguel Alves adiantou que com a ativação do Plano Distrital de Emergência fica com “competência e poder para estabelecer uma nova coordenação no âmbito do distrito”.

Na reunião de hoje da CIM do Alto Minho, na qual participaram a Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), o delegado de Saúde Pública e a Segurança Social, foi decidido constituir “a primeira equipa de profissionais que tornará operacional o centro de acolhimento temporário a instalar na Pousada da Juventude de Viana do Castelo”.

“Não estamos a alterar as regras e orientações do Governo e da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Em primeira análise, a regra de ouro é que sejam as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) a resolver os seus próprios problemas. No caso de as IPSS não terem, comprovadamente, condições para separar os utentes ou recursos humanos para acompanhar os seus utentes terão, em último recurso, a partir de agora, o lar de retaguarda que estamos a criar na Pousada da Juventude de Viana do Castelo para apoiar os lares”, sublinhou.

Miguel Alves destacou que “caberá ao delegado de saúde decidir, depois de avaliar cada caso, se o idoso tem ou não condições para permanecer no lar”.

“Finalmente desbloqueámos o impasse institucional que existia relativamente à acomodação de positivos assintomáticos com covid-19. Encontrámos uma solução, contribuindo para que o número de infectados no distrito de Viana do Castelo diminua”, reforçou.

Segundo o presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil, “apesar do distrito de Viana do Castelo ter um número de infectados relativamente baixo por habitante, mais baixo do que a região Norte e o país, é no Alto Minho que mais de um terço dos infectados está em lares”.

“Ou são utentes ou funcionários. Sabemos bem onde está o problema maior, neste momento, no nosso distrito e temos o dever de o atacar e é isso que queremos fazer agora com o contributo de todos”.

Quanto ao hospital de retaguarda instalado no Centro Cultural de Viana do Castelo, dotado de 120 camas, podendo evoluir até 200 camas, disse que “permanecerá em ‘stand-by’, para uma situação de maior dimensão por ser uma lógica mais associada à saúde, como complemento da ULSAM”.

Já a estrutura montada no seminário diocesano pela Liga dos Amigos do Hospital de Viana do Castelo, em parceria com a Diocese local e dotada de 50 camas, Miguel Alves disse que “irá servir para a ULSAM criar uma unidade pós-hospitalar, complementando a resposta à covid-19”.

“Servirá para os utentes que têm alta hospitalar e que não têm, no imediato, condições de acolhimento em casa ou no lar”, explicou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infectou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Dos casos de infecção, cerca de 402 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direcção-Geral da Saúde, registam-se 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e 17.448 casos de infecção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).

Dos infectados, 1.227 estão internados, 218 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 347 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de Março, encontra-se em estado de emergência desde de 19 de Março e até ao final do dia 17 de Abril.

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