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‘Very-light’ durante os protestos em Boston assustam famílias

Os foguetes que se ouvem de noite durante os protestos em Boston, nos Estados Unidos, confundem-se com disparos de armas de fogo e as sirenes da polícia assustam, confessaram à agência Lusa residentes.

Para Lillian Martinez, que mora perto da cidade de Boston, os sons do que lhe pareceram ser disparos de armas, na segunda-feira à noite, obrigaram-na, ao marido e a três menores a manterem-se em silêncio.

A mulher, de 41 anos estava em casa na segunda-feira à noite, a preparar o jantar, quando se ouviu o que lhe “pareciam tiros”.

“Chamei o meu marido e ele desligou a televisão porque percebeu que eu estava assustada”, disse Lillian Martinez. Apesar de o marido não ter notado o primeiro ‘tiro’, foi certificar-se de que os filhos estavam bem.

Já com a casa em silêncio, Lillian acalmou-se quando viu luzes e cores entre as árvores, contou. Os foguetes, semelhantes aos ‘very-light’ usados por claques desportivas, repetiram-se e foram seguidos de sirenes da polícia.

A família recebeu e fez várias chamadas telefónicas para amigos e familiares, para certificarem que estavam todos bem.

Os receios sobre as armas de fogo são partilhados também pela família de Nicholas Wilson, de 20 anos.

“Mesmo dentro de casa, nunca sabemos quando o vandalismo pode vir para o bairro”, disse Nicholas, preocupado principalmente pela saúde dos pais, ambos de idade avançada.

Algumas famílias vivem com receio, desde que na noite de domingo foram lançados ‘very-light’ por manifestantes contra a polícia de Boston.

Como não havia nenhuma data especial a assinalar no calendário ou nenhuma celebração, até porque o Estado de Massachusetts tomou medidas preventivas e limitadoras de grandes ajuntamentos, devido à pandemia de covid-19, foi claro para as duas famílias que se tratava dos protestos contra a violência policial.

Os protestos começaram desde a morte de George Floyd, em 25 de maio, em Minneapolis, Estado do Minnesota.

“Tanto quanto sei, os protestos à nossa volta são pacíficos e limitados”, disse Lillian Martinez, que está a trabalhar a partir de casa e evita sair.

“A maior parte das pessoas vai durante a tarde e participam numa manifestação pacífica”, considerou.

“As notícias na televisão é que nos fazem temer o pior”, acrescentou.

A cidade de Boston teve, na segunda-feira, protestos pacíficos e mais dispersos, depois da violência da noite anterior.

A noite de domingo foi a mais violenta na cidade e resultou na detenção de 53 pessoas, segundo dados da polícia.

Os 53 detidos foram acusados de destruição de propriedade, assalto, conduta desordeira ou invasão criminosa de prédios, entre outras acusações.

O comissário da polícia de Boston, William Gross, disse na segunda-feira que a autoridade aplaude “todos os que protestaram pacificamente, mas infelizmente, outros vieram determinados a destruir a cidade”.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de actos de pilhagem.

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