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Oposição acusa o governo de mentir sobre os números de casos na Venezuela

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A oposição venezuelana acusou hoje o governo do presidente Nicolás Maduro de “mentir” sobre o número de testes à covid-19 realizados no país, onde estão confirmados 155 casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus e se registaram cinco mortes.

“Nicolás Maduro mente e as suas mentiras vão custar a vida dos venezuelanos, por não terem informação real sobre o que acontece. Mente quanto ao número de testes feitos e põe em risco a vida dos venezuelanos”, disse o deputado e médico opositor José Manuel Olivares.

Este deputado, que está exilado no estrangeiro, falava durante uma conferência de imprensa virtual, durante a qual fez um balanço da situação.

“A Venezuela é o país que menos testes tem feito em todo o mundo”, disse, sublinhando que há contradições entre as declarações do ministro de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, e do presidente Nicolás Maduro, sobre o combate ao coronavírus.

Olivares referiu que um relatório da ONU dá conta que, entre 13 e 31 de Março, foram feitos 1.779 testes no país e que o ministro Jorge Rodríguez disse à televisão estatal que apenas no domingo 29 de Março fizeram mais de 3.000 testes.

“No dia 30 de Março, Maduro disse que um milhão de testes estavam disponíveis, então porque não os estão fazendo? Porque não há grandes centros de detecção rápida, porque controlam o uso dos testes, manejando mal a crise, ou estão a mentir”, disse.

O deputado prevê que, “em duas ou três semanas”, a Venezuela esteja “no pico da doença e tudo aponta que os hospitais vão colapsar”.

Por outro lado, pediu ao governo que permita que os laboratórios públicos e privados do país possam realizar os testes rápidos e deixe de centralizar as análises no Instituto Nacional de Higiene.

Sobre a situação hospitalar, afirmou que “70% dos hospitais” venezuelanos “estão sem água, 60% não têm sabão e 66% não têm máscaras”.

“O sistema de saúde está destruído. O ‘usurpador’ (Nicolás Maduro) deve entender que com as FAES (Forças de Ações Especiais) não controlarão a pandemia”, disse.

José Manuel Olivares, alertou, por outro lado, que “os medicamentos” usados no país “não evitam a doença” e “podem ocorrer complicações”.

“Não se devem administrar esses medicamentos profilaticamente, nem são a cura nem uma solução de uso comum”, disse.

Segundo Olivares, no país apenas existem 250 ventiladores mecânicos para respiração assistida e que há poucas camas de terapia intensiva disponíveis, ao mesmo tempo que 70% dos tomógrafos e aparelhos de raio X não funcionam.

O deputado oposicionista afirmou ainda que na última semana 62% dos trabalhadores da saúde da Venezuela não foi trabalhar por falta de combustível e que são necessárias entre oito e 20 horas em fila para abastecer o depósito de gasolina.

A Venezuela está desde 13 de Março em “estado de alerta”, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia. O “estado de alerta” foi decretado por 30 dias, que podem ser prolongados por igual período. Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país. Desde 16 de Março que os venezuelanos estão em quarentena, estando impedidos de circular livremente entre os 24 estados do país.

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