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Militares impõem recolher obrigatório de 21 dias na África do Sul

Foto EPA/NIC BOTHMA
Foto EPA/NIC BOTHMA

Centenas de pessoas sem abrigo estão a ser retiradas do centro de Joanesburgo, capital da África do Sul, por militares e polícias destacados para impor um recolher obrigatório de 21 dias para conter a covid-19.

O Governo sul-africano anunciou hoje as primeiras duas mortes devido à doença e há mais de mil infetados.

A polícia deteve também dezenas de pessoas no centro da capital sul-africana, nomeadamente junto a estabelecimentos de venda de álcool, assim como motoristas que transportavam bebidas alcoólicas, segundo a imprensa local.

A venda de álcool depois das 18:00 locais (16:00 de Lisboa) e o transporte do mesmo foi proibida pelas autoridades no âmbito das medidas de contenção, com pena de prisão de até seis meses e aplicação de coimas.

Na madrugada de hoje, os serviços de emergência médica de Joanesburgo atenderam um grupo de turistas alemães que foram posteriormente hospitalizados por suspeita de infeção pela covid-19, segundo o canal ENCA.

Apesar das restrições anunciadas pelo Governo e de a África do Sul ter iniciado, às 00:00 de hoje (23:00 de quinta-feira em Lisboa), três semanas de confinamento geral no país, milhares de pessoas continuam nas ruas.

O Presidente da República e comandante em chefe das Forças Armadas do país sublinhou que o destacamento militar, decretado para ajudar as forças de segurança a manter as pessoas em casa, “não é de força, mas para a proteção dos cidadãos”.

“A vossa missão é a de salvar vidas, não somos o único país em guerra contra um inimigo invisível - o coronavírus”, declarou Cyril Ramaphosa.

Os militares da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) e os efetivos da polícia sul-africana (SAPS, na sigla em inglês) foram destacados no âmbito do estado de desastre nacional (em vigor desde 15 de março) e do confinamento nacional de 21 dias agora declarado.

Na Cidade do Cabo, capital da província do Cabo Ocidental, onde duas pessoas morreram da doença respiratória Covid-19, a missão das autoridades está a ser dificultada pela atividade comercial e impassividade de centenas de habitantes, mostraram os canais de televisão sul-africanos.

Hoje, apenas aqueles que prestam serviços considerados essenciais estão autorizados a movimentar-se para o local de emprego.

Na tentativa de conter a pandemia, as autoridades sul-africanas suspenderam os serviços públicos ferroviários e de autocarros, restringindo ainda o transporte rodoviário de pessoas a metade da capacidade por veículo, incluindo condutor.

As carrinhas táxi, principal meio utilizado pela população sul-africana responsável pelo transporte diário de cerca de 20 milhões de pessoas, estão autorizados apenas a operar entre as 05:00 e as 09:00 (03:00-07:00 de Lisboa) e entre as 16:00 e as 22:00 (14:00-20:00 de Lisboa).

Todavia, as televisões locais mostraram longas filas de utentes nas estações e apeadeiros das carrinhas táxi após as 09:00 locais.

No nordeste do país, milhares de moçambicanos estão a congestionar a fronteira de Lebombo (também conhecida por fronteira de Komatipoort) para sair da África do Sul, noticiou o canal público SABC.

A pandemia da covid-19 causou hoje os primeiros dois mortos na África do Sul, que ultrapassou já a barreira dos mil infetados, anunciou o ministro da Saúde.

A província de Gauteng, envolvente a Joanesburgo e motor da economia da África do Sul, com um quarto da população de 57 milhões de habitantes, é o epicentro da pandemia no continente africano com mais 400 casos positivos da covid-19 confirmados pelas autoridades sul-africanas.

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