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Manifestantes no Chile enfrentam Polícia em protestos contra a fome

Foto EPA/SEBASTIAN SILVA
Foto EPA/SEBASTIAN SILVA

Uma centena de manifestantes nos arredores de Santiago do Chile desafiaram o confinamento decretado pelo Governo na sexta-feira para protestar contra a fome, uma ação que acabou em confrontos com a Polícia.

Com máscaras e capuzes, os residentes de El Bosque, uma localidade nos arredores da capital chilena, protestaram contra a pobreza e a escassez de alimentos provocada pela quarentena obrigatória na zona metropolitana, decretada em 15 de maio pelo Executivo chileno.

“Não é contra a quarentena, é contra a fome”, disse um dos manifestantes a um canal de televisão nacional. “Há muita gente desempregada e que não tem que comer”, queixou-se outro residente, exigindo mais apoios da autarquia.

Segundo a agência de notícias espanhola Efe, os manifestantes cortaram o trânsito de várias ruas, atiraram pedras e incendiaram barricadas.

A Polícia tentou dispersar os protestos com gás lacrimogéneo e canhões de água, uma resposta criticada pela autarquia da localidade, que denunciou em comunicado a deterioração “da qualidade de vida dos habitantes” de El Bosque, criticando a falta de apoio do poder central em relação aos mais pobres.

“São estes habitantes que, ao fim de mais de um mês sem poderem trabalhar, nem terem recebido uma medida concreta do Estado, estão a protestar”, escreveu o autarca de El Bosque, Sadi Melo.

El Bosque, tal como outras localidades a sul da capital chilena, é uma das autarquias com menos recursos na zona metropolitana, e a crise iniciada com a pandemia do novo coronavírus agravou o desemprego e a pobreza.

Antes da crise sanitária, o Chile, com 18 milhões de habitantes, já atravessava há vários meses um período de agitações sociais e violência, iniciados em outubro do ano passado, com a subida do preço dos bilhetes de metro, em Santiago.

Estes foram os primeiros confrontos com a Polícia desde que o Governo de Sebastian Piñera decretou o confinamento de toda a população na região da capital, que concentra 80% dos casos da covid-19 no país, após um elevado número de infeções, que já ultrapassam os 46 mil casos.

Ao contrário de outros países da região com menos casos, como a Argentina ou a Colômbia, o Governo do Chile rejeitou desde o início decretar o confinamento nacional e fechar completamente a economia, optando antes por “quarentenas seletivas e estratégicas”.

Esta é a primeira vez, desde o início da pandemia no Chile, que a chamada zona da “Grande Santiago”, composta por 32 comunas (bairros), entra em quarentena ao mesmo tempo, já que as áreas orientais foram inicialmente confinadas.

A medida afeta cerca de 8 milhões de pessoas e foi solicitada por diferentes autarcas e organizações médicas.

O Chile está em estado de emergência, com um toque de recolher obrigatório a partir das 22:00, desde meados de março, com escolas, universidades e fronteiras fechadas, bem como a maioria das empresas não essenciais.

O Presidente chileno anunciou no domingo cinco medidas de apoio para as pessoas “mais vulneráveis”, incluindo a entrega de 2,5 milhões de cabazes de alimentos às famílias mais pobres do país.

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